Magistrado vê “grave animosidade” entre os sócios. Decisão atende a Sidnei Piva de Jesus que promete um novo plano de recuperação. Camila, que continua sócia, vai recorrer e fala em crescimento com sua gestão
O desembargador Azuma Nishi, da 1ª Câmara de Direito Empresarial do TJSP – Tribunal de Justiça de São Paulo, destitui Camila de Souza Valdívia do comando das empresas do Grupo da Viação Itapemirim, uma das mais tradicionais companhias de transportes rodoviários do País e que está em recuperação judicial desde 2016.
A decisão reconstitui a função ao empresário e sócio de Camila, Sidnei Piva de Jesus, e foi tomada nesta quinta-feira, 19 de dezembro.
O magistrado aceitou a argumentação de Sidnei num agravo de instrumento. O empresário alegou que havia irregularidades na gestão de Camila que descumpriam pontos do Plano de Recuperação Judicial.
Relator do processo, Azuma escreveu que há uma “grave animosidade” entre os sócios que pode prejudicar as empresas.
“Tal medida se torna necessária, como dito, diante da grave animosidade entre os sócios, sendo impossível e contraproducente, a prejudicar as empresas e ao plano de recuperação, a manutenção da gestão compartilhada entre Sidnei e Camila” – diz trecho da decisão.
Camila continua como sócia, mas sem poder de decisão.
Em entrevista ao Diário do Transporte, Sidnei disse que espera apresentar um novo plano de recuperação em meados de 2020 e que colocou uma auditoria externa para verificar a situação real das empresas do Grupo Itapemirim. Sidnei ainda disse que não haverá demissões de motoristas e outros profissionais de operação, mas a diretoria foi destituída.
“Gastos excessivos de cartão, viagens excessivas de avião da Camila para todo o País, patrocinando Festa de Barretos, enfim, tudo que já foi publicado em diversos jornais e isso depõe contra a recuperação” – acusou Sidnei.
Também ouvimos Camila, que informou que vai recorrer. A empresária disse que acreditar que o desembargador foi induzido a erro e que se houvesse irregularidades, a empresa não cresceria neste ano em torno de 25%.
“A empresa em 2019, cresceu 25%, fez uma contratação que representa 10% no quadro de funcionários. A empresa no ranking da ANTT (Associação Nacional de Transportes Terrestes) evoluiu muito, a empresa melhorou a qualidade de operação. A empresa não atrasou um salário em 2019 e voltou a pagar o fundo de garantia que há mais de dez anos não era pago, a empresa voltou a pagar a parte fiscal e social. Se a empresa tivesse algum desvio teria todo este crescimento?” – declara Camila.
Fonte: DiariodoTransport