A III Mocines (Mostra de Cinema Negro do Espirito Santo) se consolida como um importante evento sobre a representação e representatividade das negritudes no cinema capixaba e brasileiro. Devido a pandemia, pela primeira vez a Mostra acontece em formato online, começa no dia 23 de janeiro e segue até o dia 06 de fevereiro.
Serão duas semanas em que o público e cinéfilos poderão acessar filmes de todas as regiões do Brasil e também algumas produções internacionais de Portugal e da Alemanha. Além de participar de oficinas, cursos e debates. As exibições dos filmes serão pela plataforma TodesPlay https://todesplay.com.br/ e também haverá outras atividades pelo youtube https://bit.ly/3mocines.
A III Mocines – Dogma Feijoada vai exibir mais de 40 filmes filmes divididos por três sessões temáticas: Sessão Erê, com filmes para o público infanto-juvenil; Sessão Moqueca, com obras de realizadoras e realizadores negros capixabas; e a Sessão Nacional, que tem como objetivo apresentar um panorama do cinema negro contemporâneo brasileiro; e, por fim, uma sessão especial que dá título a Mostra: Sessão Dogma Feijoada, com filmes do cineasta Jeferson De e de outros cineastas negros e negras do início do século que configurava um novo ciclo do Cinema Negro brasileiro.
“O nosso objetivo é oferecer uma programação com o melhor das produções audiovisuais negras nacionais, sobretudo estimulando as produções capixabas, além de debates, oficinas e Masterclass. Isso conecta com outro objetivo caro para nós, que é a formação de profissionais negros e negras que possam atuar no mercado audiovisual profissionalmente, bem como, fomentar a formação de público ao apresentar outro universo de narrativas”, explica Adriano Monteiro, idealizador e produtor geral da III Mocines.
A III Mostra de Cinema Negro do Espirito Santo é realizado com apoio da Secretaria de Cultura do Espirito Santo por meio de Edital do Funcultura.
Cursos gratuitos online
A abertura da III Mocines, no dia 23 de janeiro, vai contar com uma MasterClass virtual e gratuita do cineasta Jeferson De, sobre Direção Cinematográfica. Para participar é necessário fazer uma inscrição prévia pelo link https://linktr.ee/mocines ou pela rede social www.instagram.com/mocinesmostra
A Mostra também vai oferecer mais 2 oficinas e mais 1 MasterClass gratuitos. “Trilogia do Corpo: pesquisa e criação no documentário”, com o grande documentarista carioca Emílio Domingos. Como diretor realizou os longas “Favela é Moda” (2019); “Deixa na Régua” (2015); “A Batalha do Passinho” (2013); “L.A.P.A.” (2007). Fez direção geral da série “O Enigma da Energia Escura” (2021), idealizado e produzido pelos irmãos Emicida e Fióti, do Laboratório Fantasma.
“Introdução a Fotografia Cinematográfica”, com o realizador audiovisual capixaba Francisco Xavier. Formado em Design e com cursos em fotografia nas escolas de cinema Inspiratorium e Bucareste em São Paulo, como Diretor de Fotografia destaca-se a atuação no longa “A Mata Negra” de Rodrigo Aragão, eleito melhor filme no festival Macabro, México, 2018.
A MasterClass “Direção de Arte na Cena”, com a premiada cineasta baiana Glenda Nicácio. Como realizadora audiovisual desenvolve funções como direção geral, direção de arte e direção de produção, em longas-metragens de ficção e de documentário. Realizou a direção geral e a direção de arte dos premiados longas-metragens: “Café com Canela” (Ary Rosa e Glenda Nicácio,2017), “Ilha” (Ary Rosa e Glenda Nicácio, 2018), “Eu não ando só” (Glenda Nicácio, 2021), “Mugunzá” (Ary Rosa e Glenda Nicácio, 2021) e muitos outros.
Os cursos estão abertos para todos os interessados, mas a seleção dará prioridade para pessoas pretas e pardas. As inscrições são gratuitas e devem ser feitas por meio dos formulários, que estão no link https://linktr.ee/mocines até o dia 20 de janeiro. Os cursos serão realizados de forma online e terão emissão de certificado.
Homenagem
A edição deste ano traz como tema o “Manifesto Dogma Feijoada”, que já completou um pouco mais de 20 anos. A ideia é voltar a este período importante da história do Cinema Negro brasileiro e refletir sobre seus impactos na produção atual. Além disso, a Mostra vai homenagear uma das pessoas fundamentais deste movimento, o cineasta Jeferson De.
Jerferson De nasceu na cidade de Taubaté, interior de São Paulo. Graduou-se em Cinema pela ECA-USP no final dos anos 1990. Como bolsista da FAPESP, entre 1997 a 1998, com a pesquisa “Diretores Cinematográficos Negros”, desenvolveu o trabalho “Gênese do Cinema Negro Brasileiro”. Este serviu de base para elaboração do chamado Manifesto “Dogma Feijoada”, assinado por diversos cineastas negros paulistas sendo proclamado no 11º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, em 2000.
Em 2009, fundou a produtora Buda Filmes em parceria com a diretora Cristiane Arenas. No ano seguinte, lança seu primeiro longa-metragem chamado “Bróder”, estreando no prestigioso Festival de Berlim. Mais tarde, produziu os programas “Brasil Total” e “Central da Periferia”, na TV Globo. Foi diretor dos programas “Tramavirtual” e “Conexões Urbanas”, no canal Multishow.
Seu segundo longa-metragem, “O Amuleto”, estreou em 2015 nos cinemas. Em seguida passou a trabalhar em seu próximo longa-metragem, a comédia “Correndo Atrás” (2018). Uma adaptação do livro de Hélio de La Peña, tendo no elenco Aílton Graça, Lázaro Ramos, Juliana Alves e o próprio ex-casseta.
Em 2020, lançou “M-8: quando a morte socorre a vida”, vencedor Melhor Filme/Júri Popular no Festival do Rio, atualmente disponível na plataforma de streaming Netflix. Com uma obra cada vez mais madura e apurada, Jeferson De ano lançou, ano passado, o seu 5º longa-metragem, “Doutor Gama” (2021), que narra a história do advogado e abolicionista negro Luiz Gama. O filme já circulou em festivais importantes como o American Black Film Festival, passando também pelos cinemas brasileiros, e atualmente está disponível na plataforma de streaming GloboPlay.
Saiba mais sobre o Manifesto Feijoada
O Manifesto Dogma Feijoada foi fruto do trabalho “Gênese do Cinema Negro Brasileiro”, realizado por Jeferson De, entre 1997 e 1998, quando era graduando do curso de Cinema na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. A partir da sua pesquisa de Iniciação Científica sobre diretores cinematográficos negros brasileiros, ele conseguiu reunir diversas informações sobre o cinema produzido por negros e a sua representação nas telas também.
A escolha do nome teve uma uma pitada provocativa, o Dogma Feijoada consistia em estabelecer 7 “regras” : 1) O filme tem de ser dirigido por realizador negro brasileiro; 2) O protagonista deve ser negro; 3) A temática do filme tem de estar relacionada com a cultura negra brasileira; 4) O filme tem de ter um cronograma exequível. Filmes-urgentes; 6) Personagens estereotipados negros (ou não) estão proibidos; 7) O roteiro deverá privilegiar o negro comum brasileiro. Super-heróis ou bandidos deverão ser evitados.
Confira a programação completa:
23/01 – Domingo
16h – Abertura
Masterclass com Jeferson De (inscrição prévia)
18h – Exibição: “Doutor Gama”, de Jeferson De (Plataforma TodesPlay)
24/01 (Segunda) a 29/01 (sábado)
Sessão Dogma Feijoada (Plataforma TodesPlay)
Sessão Erê (Plataforma TodesPlay):
5 Fitas, de Vilma Martins e Heraldo de Deus
A Piscina de Caique, de Raphael Gustavo da Silva
Meu nome é Maalum, de Luísa Copetti
Ewé de Òsányìn: o segredo das folhas, de Pâmela Peregrino
Além da Fronteira, de Alexandre Matos Meireles
Sessão Moqueca (Plataforma TodesPlay):
Nebulosa, de Sâmila Candeia e Andressa Riguête
Do dia em que mudamos a rota, de Diego Nascimento Nunes
CHAMA: Ep.1 “Terra”, de Maresia e Adryelisson Maduro
Balança Que Eu Quero Ver – Cantadeiras de Roda, de Jamilda Bento
Artesania, de Thiago Coutinho de Souza
Sessão Nacional (Plataforma TodesPlay):
Forrando a Vastidão, de Higor Gomes
Encanto da Tapera, de Dheik Praia
Seremos Ouvidas, de Larissa Nepomuceno
Sethico, de Wagner Montenegro
Você Tem Olhos Tristes, de Diogo Leite
àprova, de Natasha Rodrigues
Te guardo no bolso da saudade, de Rosy Nascumento
Filhas de Lavadeiras, de Edileuza Penha de Souza
CORPAS, de Arthur Almeida
Flor de Estufa, de Laís Andrade
26/01 – Quarta
Exibição: “Bróder”, de Jeferson De (Plataforma TodesPlay)
30/01 (Domingo) a 05/02 (sábado)
Sessão Dogma Feijoada (Plataforma TodesPlay)
Sessão Erê (Plataforma TodesPlay):
Nana e Nilo na Cidade Verde, de Sandro Lopes
Quando a Chuva Vem?, de Jefferson Batista
Òrum Àiye, de Cintia Maria e Jamile Coelho
Praia dos Tempos, de Luan Santos
Guri, de Adriano Monteiro
Sessão Moqueca (Plataforma TodesPlay):
Apartada, de Alex Buck
Chamada a Cobrar – A Série, de Edson Ferreira
Vila das Artes… Existe um Lugar, de Markus Konká Ribeiro
Tenho time pra torcer – Episódio Vitória F.C, de Diego de Jesus (diretor geral da série); PH Martins (diretor do episódio inscrito)
Barões do Funk – capítulo 1, de Luiz Eduardo Neves da Silveira
Sessão Nacional (Plataforma TodesPlay):
Tridente Movente: memórias das danças afrobaiana. de Berg Kardy e Andréia Oliveira
Coração Sozinho, de Leon Reis
Eu Temo Que Não Amanheça, de Cainã Siqueira
O Último Grão de Areia, de Marcos Alexandre
Janelas Daqui, de Luciano Vidigal
Utopia, de Rayane Penha
EGUM, de Yuri Costa
Fora do aquário, de Alex Mello
Aquenda – o amor às vezes é isso, de Gi Vatroi e Aida Polimeni
O Abebé Ancestral, de Paulo Ferreira
02/02 – Quarta
Exibição: “Correndo atrás”, de Jeferson De (Plataforma TodesPlay)
06/02 – Domingo
Live de Encerramento (Youtube Mocines)
Exibição: “M8 – Quando a Morte Socorre”, de Jeferson De (Plataforma TodesPlay)