Negacionismo, flerte com o autoritarismo, golpe contra a cultura e desprezo intelectual. Estes são temas abordados e incisivamente refutados pelo músico e compositor Xavi em seu novo disco, Terra em Transe, com lançamento marcado para dia 11 de março, sexta-feira, nas plataformas digitais.
A canção “Terra em Transe 2”, terceira faixa do disco de nove canções, já revela o tom crítico do autor: “Imersos na arrogância e na solidão; entristecidos entre delírios, aprisionam a canção; mas novos ventos soprarão; faz sol lá fora, venha ver; acenda a luz que há em você”.
No mesmo tom, a capa do álbum “Terra em Transe” é inspirada no clássico escrito por Pierre Boulle e que depois marcou a história do cinema, “Planeta dos Macacos”. Xavi, por meio das letras e da identidade visual, aponta os retrocessos dos últimos anos no debate público e no desenvolvimento de políticas públicas, de modo a questionar, como abarcado na obra e no filme, a possibilidade de a raça humana já ter sido avançada um dia.
“Nós temos enfrentado um debate ancorado em discussões rasas, desinformação, desprezo à cultura e à educação e condescendente com práticas e discursos autoritários. É a terra em transe mesmo, um retrocesso, e questionar tal momento por meio da música é papel importante do artista”, afirma.
E também do rock, estilo musical dado como morto por alguns nos anos anteriores, mas que voltou com muita força e tem sido usado estrategicamente até por artistas do pop.
Xavi segue seu caminho dentro do estilo no que chama de “rock sem frescura”, isto é, a produção musical (de Thiago Arruda, guitarrista de Ed Motta) que contempla “mão pesada” na bateria, baixo pulsante, guitarras distorcidas, solos, críticas políticas e outros elementos.
Nessa linha, o artista ainda faz uma homenagem ao rock dos anos 80 com releitura de Marvin, composição de Nando Reis e clássico dos Titãs. O novo álbum do compositor traz, na ordem, as canções “Terra em Transe”, “Homem Triste”, “Terra em Transe 2”, “Dias de Mim”, “Joyci”, “Sorriso de Menino”, “Flores Mortas”, “Hospício” e “Marvin”.
Amor – O peso das guitarras e das críticas também ganha alívio e cede espaço para falar de amor no disco de Xavi. Sim, o compositor homenageia a família nas canções “Joyci” – nome de sua esposa – e “Sorriso de Menino”, rock rural composto para seu enteado, Rafael.
Xavi – O artista é um dos principais nomes da música do Espírito Santo. É responsável pela efervescente cena capixaba nos anos 2000, ativista cultural e político e um dos fundadores do Casaca, banda que chegou a vender mais de 100 mil discos.
Xavi deixou o Casaca em 2017 e iniciou sua carreira solo como compositor: já lançou os singles “Quimera” e “Homem Triste” e agora revela seu primeiro álbum, “Terra em Transe”.
Entre outras bandas de rock, o músico já dividiu o palco com Paralamas do Sucesso, Biquini Cavadão, O Rappa e CPM 22.