A Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Vargem Alta investiga duas mortes na cidade por suspeita de leptospirose, doença infecciosa que está diretamente vinculada ao contato direto ou indireto com urina de ratos, comumente presentes nas águas e lamas de enchentes. O município está se recuperando dos estragos do temporal de 17 de janeiro, que causou inundações e muita destruição.
A secretaria informou que está aguardando laudo para esclarecer os dois óbitos. Ao todo, 14 casos suspeitos foram notificados desde o início de fevereiro. Destes, nove já foram descartados após o resultado negativo nos exames. Cinco ainda aguardam os laudos e seguem em investigação.
Os dois mortos eram moradores da comunidade de Vargem Grande e não constavam na lista de casos suspeitos da doença.
O pedreiro José dos Santos Rodrigues, 48 anos, conhecido como Zé Wilker, morreu na madrugada de sexta-feira (7), após ser atendido no Pronto Atendimento Municipal Octacílio Geraldo do Carmo. Ele deu entrada à 1 hora no local com convulsão, dores nas costas e na barriga.
A casa do pedreiro ficou alagada na enchente do Rio Novo. Ele teve contato com a água e ajudou no resgate de pessoas que ficaram ilhadas na comunidade.
Outro óbito investigado é da dona de casa Andressa Galvão Pires, 26 anos, ocorrida no último dia 4. Ela também deu entrada no pronto atendimento.
Embora a causa da morte tenha sido divulgada como pneumonia, ela também é suspeita de ter contraído leptospirose, pois Andressa vivia na mesma comunidade que foi atingida pela enchente.
Os corpos foram encaminhados para o Sistema de Vigilância de Óbito (SVO), que vai confirmar as causas das mortes. De acordo com a prefeitura, os resultados dos exames levam, em média, 15 dias para ficarem prontos.
Pessoas que tiveram contato com água e lama da enchente e apresentarem sintomas como febre, mialgia (dor no corpo, em especial panturrilhas) e dor de cabeça, devem procurar imediatamente atendimento médico.
“Locais alagados são propícios a serem contaminados pela urina dos ratos, o que em contato com a pele, pode transmitir a leptospirose, doença grave com sintomas semelhantes ao da dengue com o agravante da icterícia e que pode levar o indivíduo a morte”, explica o clínico geral do Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim (Heci), Carlos Antônio Costa.
A doença
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida ao homem pela urina de roedores, principalmente por ocasião das enchentes. A doença é causada por uma bactéria chamada Leptospira, presente na urina de ratos e também de outros animais como boi, porco, ovelhas e etc.
A leptospirose penetra no corpo pela pele, principalmente se houver alguma “porta de entrada”, como um corte ou arranhão. O período de incubação da leptospirose varia de 5 a 14 dias. Os primeiros sinais da doença se assemelham a um resfriado, com febre, dores de cabeça e no corpo, especialmente na panturrilha, podendo ocorrer icterícia (coloração amarelada da pele e das mucosas.
“Se a pessoa teve contato com a água das enchentes e apresentar estes sintomas, deve procurar o posto de saúde mais próximo e relatar a situação, para que receba o tratamento adequado”, disse o médico.
A leptospirose é tratável, principalmente se diagnosticada logo, mas pode evoluir, em casos específicos, para formas mais graves, comprometendo os pulmões e os rins e causando a morte do paciente. Fonte: diaadiaes