Desde a sua criação, em março de 2020, a Sala de Situação da Saúde, da Secretaria da Saúde (Sesa), voltada exclusivamente para os assuntos estratégicos da Covid-19 no âmbito da saúde pública, segue com o importante papel no enfrentamento da pandemia e no fortalecimento dos dados epidemiológicos do vírus, independentemente do cenário da doença no Espírito Santo.
“A Sala de Situação da Sesa atua desde o monitoramento dos dados até sua qualificação, de modo que consigamos ter e ver a situação epidemiológica da Covid-19 por municípios e do Estado como um todo. Desta forma, conseguimos com que os dados se tornem informações em tempo oportuno, em todos os momentos da pandemia”, salientou a referência técnica do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica e integrante da Sala de Situação, Cristiano Soares Dell’Antonio.
Prestes a completar três anos de atividade no primeiro trimestre de 2023, os profissionais que hoje atuam no serviço relembram a trajetória no importante trabalho de transformação dos dados epidemiológicos em informação. Vinculada à Subsecretaria de Vigilância em Saúde, a Sala tem articulação interna com importantes setores da Vigilância, como o Laboratório Central de Saúde Pública do Espírito Santo (Lacen/ES), ao setor de Epidemiologia, da Imunização, dos Sistemas de Informações e também ao Centro de Informações Estratégicas e Respostas em Vigilância em Saúde (CIEVS).
Uma das atribuições essenciais está na análise, percepção e consolidação dos dados que são atualizados diariamente no Painel Covid-19, e como isso tem sido importante para a gestão e o enfrentamento ao vírus.
Rodrigo Leite Locatelli, referência técnica da Vigilância de Óbitos pela Covid-19, reforça também o papel da Sala de Situação da Saúde como instrumento de transparência ao enfrentamento à pandemia.
“A Sala de Situação surgiu ao longo da pandemia como um instrumento de transparência e fidedignidade ao processo de enfrentamento à Covid-19. Vivemos discussões das mais diversas sobre o cenário que estava posto. Sobre o que poderia vir e como poderíamos enfrenta-lo, e estar um passo à frente do que os estudos, os dados e o perfil no mundo nos mostravam”, disse Locatelli.
Importância da epidemiologia e produção de dados
A Sala de Situação da Saúde é responsável também pelo monitoramento diário dos casos infectados e dos óbitos pela Covid-19, e é por meio desse acompanhamento que a produção de dados essenciais para o trabalho da gestão é estabelecida como, por exemplo, a análise de perfis da população que contrai o vírus e quem está morrendo no cenário atual.
Todo esse processo acontece guiados pelo trabalho e fortalecimento da epidemiologia. “Com a identificação e monitoramento de doenças e agravos, podemos produzir informações confiáveis e atualizadas, além do controle de indicadores de saúde”, reforçou a enfermeira responsável pela Vigilância dos Óbitos, Claudia Pinto Mattos, sobre a importância da epidemiologia.
Cristiano Soares Dell’Antonio lembra que a epidemiologia é essencial também para este caminho, uma vez que se “consegue compreender o comportamento do agravo, entender o padrão de comportamento da doença, mesmo a Covid-19 sendo extremamente complexa.”
“E é por meio desses dados que conseguimos identificar informações como quais grupos estão morrendo mais, ou sendo mais infectados, quem está vacinado, quais locais com mais casos etc. E que ajudam a elaborar medidas estratégicas específicas para a população e pensar no desenvolvimento de ações”, pontuou Dell’Antonio.
Para Rodrigo Leite Locatelli, a epidemiologia além do ofício diário, é também uma paixão. “Sou suspeito pela paixão que tenho nessa ciência. Epidemiologia é informação e informação é ação de melhoria a saúde da população. Ao longo da pandemia, pode-se dar visibilidade a essa área e mostrar como as informações auxiliam no processo de transparência e também do cuidado”.
Momentos marcantes
Alguns momentos vivenciados desde o início dos trabalhos da Sala de Situação da Saúde marcaram os profissionais, e que contam também a história da pandemia da Covid-19 no Espírito Santo.
Para Rodrigo Leite Locatelli, o momento mais marcante foi a construção da equipe em si e a forma de trabalho que agregou conhecimentos práticos e teóricos em prol de um único objetivo, enfrentar um novo vírus.
“O momento que mais me marcou, não foi um momento, mas sim a construção de uma equipe que das formas mais distintas, dos colegas de trabalho sentados discutindo e mostrando pontos de vista distintos, buscando chegar ao melhor para a população capixaba. Era marcante ver o trabalho que iniciava dentro da Sala”, destacou.
A assistente administrativa Lene Leite Locatelli, que atua na Sala de Situação desde junho de 2020, recorda que um desses momentos está relacionado ao aumento de óbitos. “O período que mais me marcou foi quando tivemos que registrar mais de 100 óbitos no dia. Foi um dia muito triste e muito difícil em ver tantas vidas sendo perdidas”, lembrou.
O relato da assistente é referente ao mês abril de 2021, período no qual o Espírito Santo registrou o maior número de óbitos pela Covid-19, com 2.086 vidas perdidas, de acordo com o Painel Covid-19.
Para Claudia Pinto Mattos, embora esteja recentemente com a equipe e não tenha vivenciado dentro da Sala o ano de 2021, os registros de óbitos diários são, para ela, os momentos que mais tem marcado. “Como nos meses de julho deste ano, que tivemos um aumento, e por estar no dia a dia acompanhando os dados de óbitos, o grande número ainda pela doença me marca muito”, contou.
A formulação da quarta onda de casos confirmados da Covid-19 também é um dos momentos no qual a equipe recorda como marcante. Entre os meses de dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, o Estado somou pouco mais de 400 mil casos positivos, sendo em janeiro o mês de maior registro até o momento, com 272.789 casos.
“Foi o período de maior pico de casos da Covid-19 e um momento complexo, de aumento abrupto seguido dos óbitos. Lembro deste período que foi marcado de muitas reuniões, discussões, tomadas de decisões para o enfrentamento à pandemia, com estratégias que precisaram ser desenvolvidas muito rápidas, pelo cenário que o vírus desenhava”, relembrou Cristiano Soares Dell’Antonio.