Dia de Natal chuvoso saí caminhando sem destino por Cachoeiro do Itapemirim. A cidade envelhecida, com suas cataratas, me olha. Um ônibus passou com poucos passageiros, transportando assentos tristes e descansados, sem presença. Lojas fechadas depois de venderem felizes os sonhados presentes.
Talvez futuros e temidos pesadelos bancários. Uma mulher segurando um guarda-chuva, subia a rua Jerônimo Ribeiro, no bairro Amarelo, esbravejando:
– As ruas molhadas estão sujas e fedidas. Não tem nada aberto para comprar. Vou para casa deitar e botar as pernas para cima que ganho mais!
– Vai sim e bom descanso para senhora. Viver dá trabalho e cansa – incentivei.
Com o tempo chuvoso, sem camisa, continuei andando sendo guiado e vigiado por minha cidade envelhecida. Como antigos companheiros, de mãos dadas, atravessamos unidos a ponte Principal.
– Um minuto por favor, pedi para a cidade parar. Soltei momentaneamente as suas mãos e fotografei minha vida em frente ao Rio Itapemirim banhada de mim.