Uma das mais importantes construções do século XIX do município de Marataízes-ES atualmente vem passando por um minucioso processo de restauração. Trata-se das ruínas do Trapiche, que, aos poucos, vai ganhando novo aspecto, graças ao trabalho de recuperação do arquiteto Genildo Coelho Hautequestt Filho e da restauradora Michelini Braga.
Esse processo contempla o escoramento das ruínas e a consolidação e a restauração dos elementos decorativos remanescentes, como as pinturas especiais que originalmente cobriam todas as paredes internas. Segundo Genildo Coelho, o objetivo da obra é paralisar o processo de arruinamento da edificação, que se agravou muito após o incêndio ocorrido em 1987. Esse incêndio aconteceu porque o prédio já havia sido abandonado há muitos anos pela família que detinha sua propriedade.
Mesmo após seu tombamento como patrimônio cultural do Espírito Santo, em 1998 – quando foi doado pela família para a municipalidade –, nenhuma providência foi tomada por qualquer das diversas administrações municipais desde então. Isso fez com que o estado de deterioração se agravasse ainda mais, resultando no desabamento quase completo da edificação. “Agora, depois de tantas décadas de abandono, enfim a Prefeitura de Marataízes está cuidando desse importante patrimônio. Preservar o que ainda resta do Trapiche é preservar a história e a memória de todos os capixabas”, destaca o arquiteto restaurador Genildo Coelho.
Para a restauradora Michelini Braga, “essa obra está ‘salvando’ o que ainda resta de uma edificação que é referência histórica, econômica e cultural do Espírito Santo e do Brasil”.
A construção
O Trapiche foi construído na segunda metade do século XIX pelo Barão de Itapemirim, um dos maiores traficantes de pessoas escravizadas do estado, e depois foi adquirido por Simão Soares, comerciante responsável pela navegação no rio Itapemirim à época. A construção faz parte de um importante conjunto arquitetônico local, que também é constituído pelo Palácio das Águias e pela Igreja Nossa Senhora dos Navegantes. Essas três edificações eram as que mais se destacavam no porto de Barra do Itapemirim, um dos mais importantes e movimentados do Espírito Santo até os primeiros anos do século XX.