Às vezes me pego triste, aprendendo a viver. A amiga vida está na minha frente rindo de mim. Um riso parceiro e cúmplice nessa jornada-caminhada. Quando escrevo, tento compor frases com palavras ajustadas. Isso me cansa, angustia e entorpece. Sim, me sinto cansado escrevendo. Impaciente, não gosto de ficar parado.
Também sou incoerente e minha escrita me revela sem ordem. Admiro pessoa organizada, e também minha liberta desorganização. Quando escrevo, percebo pássaros cantando por perto ou fazendo algazarras. Isso era mais frequente na roça, mas também acontece aqui em Marataízes. Fico feliz e agradecido.
Viver me angustia, dá trabalho e cansa. Não deixo o mar me navegar e, teimoso, nado contra a maré. Tenho consciência que nunca vou vencer esse desafio, mas a teimosa impaciência me lança no ringue cobrando vida.
Ano passado adoeci e fiquei dias internado num hospital em Cachoeiro. Quando dei uma melhorada, andei pelos corredores visitando vidas hospitaleiras. Achei uma varanda que dava para ver o Rio Itapemirim, Pico do Itabira e o Frade e a Freira.
À esquerda, numa tardinha feliz e esperançosa, vi o conhecido amigo sol de Cachoeiro me olhando e se despedindo do dia. Perto do ouvido esquerdo, escutei a sua voz abrasada, amiga e encorajadora.
– Fica bem. Hoje eu vou, mas amanhã cedo eu volto. Enquanto permanecer aqui, estarei todos os dias com você. Sei que continua segurando firme. Isso mesmo. Não desista. A guerra não acabou. Vou iluminar a sua vida e os seus caminhos jurando fidelidade até seus olhos repousarem – falou solidário, me consolando.
Dei boa noite feliz, agradecido e falei sorridente:
– Até amanhã, então, amigo sol conterrâneo.