No momento em que os noticiários mundiais apontam a morte de mais de 11 mil pessoas na Líbia por conta das enchentes causadas pela tempestade Daniel, que arrebentou duas barragens, o Governo do Estado anunciou que já dispõe e está em uso uma tecnologia própria para monitorar com até 12 horas de antecedência as cheias na cabeceira da Bacia do Rio Itapemirim.
“Fomos muito castigados por chuvas muito intensas no Sul, que destruíram cidades. Nosso sistema nos dá condições de antecipar a formação de ondas de cheia na cabeceira da bacia com 6 a 12 horas de antecedência, para poder dizer se ela irá causar inundação ou não na cidade de Cachoeiro de Itapemirim”, exemplificou o diretor-presidente da Agência Estadual de Recursos Hídricos (Agerh), Fábio Ahnert.
De acordo com o diretor-presidente da Agerh, a informação é muito valiosa porque dá um tempo de antecedência para poder preparar as prefeituras e as suas defesas civis municipais, na tentativa de minimizar os impactos negativos dos eventos extremos.
“A Agerh está investindo em tecnologia, principalmente associada ao monitoramento, mas também para deixar cada vez mais ágil e qualificado o processo de regulação do uso da água”, explicou Ahnert, que apresentou o relatório de gestão das atividades da agência durante reunião da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, realizada no último dia 13.
A informação foi confirmada pelo diretor de Planejamento e Infraestrutura da Agerh, José Roberto Jorge. Segundo ele, a agência ampliou a rede de monitoramento hidrológico.
“Tínhamos seis estações instaladas e hoje temos 25, incluindo transmissão e telemetria. E já temos 10 pontos com perspectiva de aumentar. Do ano passado para cá, ampliamos de 84 pontos de monitoramento da qualidade da água para 100 pontos. Estamos monitorando quatro metais pesados neste sistema. Na calha do Rio Doce, tínhamos sete pontos que foram retirados lá trás, mas retornarmos com eles”, avaliou.
Ainda sobre o Sistema de Alerta do Rio Itapemirim, Jorge frisou que ele foi desenvolvido por um servidor da Agerh, e consegue prever as cheias e inundações em Cachoeiro de Itapemirim com antecedência de até 12 horas.
“Ele está funcionando. Tem sido usado pela Defesa Civil do município para ajudar na tomada de decisões. Queremos evoluir para outras bacias que têm o mesmo problema de inundação”, contou.
HIDROES
Outra ferramenta é o HidroES, que acompanha em tempo real a vazão do rio Santa Maria da Vitória por um período de 10 dias. O rio é responsável pelo abastecimento dos municípios da Grande Vitória.
Lançada pela Agerh em parceria com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente , a ArcelorMittal Tubarão e o Ministério Público do Espírito Santo, a tecnologia beneficia o cidadão comum, que pode ficar atento ao risco de enchentes, e o agricultor, que depende da chuva para produzir. Para isso, basta baixar em Android, por meio da Play Store. O aplicativo foi desenvolvido em cooperação técnico-científica com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e a Universidade Federal de Alagoas (Ufal).
O presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente, deputado Fabrício Gandini (Cidadania), destacou o trabalho da agência que, segundo ele, é um modelo recente, que vai completar 10 anos, mas que está num processo de estruturação.
“Vamos fazer as cobranças necessárias para garantir a sua atuação. Estamos acompanhando os trabalhos em todas as 14 bacias hidrográficas”, declarou.