A modernidade desleal chega demolindo campos, sonhos e saudades. No tapetão, taticamente municiada de cartolas, na batida do martelinho leiloado, ganha no grito. Os sentimentos desrespeitados não entram em campo; na reserva, ficam sentados no banco.
Quando menino, no Estádio Sumaré, do Estrela do Norte, lotado, assisti o maior clássico da cidade: Estrela X Cachoeiro. Eu, Julinho, Tetec e Paulinho, levados pelo seô Abílio, pai dos queridos amigos, torcedores do Cachoeiro.
Foguetório intenso na entrada dos times em campo. Denizart, do Estrela, melhor goleiro da cidade, e Rock, craque e ótimo chutador do Cachoeiro, travaram disputado duelo. Memórias afetivas e patrimônios sentimentais preservados. Estes não serão demolidos, enquanto aqui eu morar.
Joguei um campeonato pelo time do Cachoeiro, treinado por Agenildo Álvaro, grande entusiasta do esporte Cachoeirense. Muitas vezes no seu campo, que foi leiloado. Esses assuntos são doídos e constrangedores de tratar.
Jogando de zagueiro, defendi o Cachoeiro no seu campo. Hoje, olhando as suas ruínas, me defendendo, passo em frente e não gosto de olhar. Mas, assim é a “modernidade.” Sem marcação, entra na área, cava o pênalti e marca o gol. Culpar quem?
Todos nós, culpados, sem apontar dedos, carregamos essa culpa. Pela intercessão de São Pedro e seô Zezinho, te pedimos senhor:
– Não permitas que a “modernidade” vá jogar no Estádio do Sumaré. Amém!