Vivo aventuras que me fazem cronicar e resenhar. Quando paramos de disputar campeonatos, eu e amigos nos unimos para jogar como veteranos. Criamos o Última Geração, nome que dei ao nosso bom time.
Primeiro jogo foi no extinto campo do Ouro Branco, onde futebol já não existe, mas “sempre tem” pessoas fazendo compras. Aos sábados, saíamos da Avenida Beira-Rio em Cachoeiro e íamos jogar nas cidades do Sul do ES.
Com o time titular, nossos adversários sofriam. Era difícil ganhar da gente. Nas resenhas com as saideiras, então, éramos imbatíveis! Alguns inevitáveis conflitos conjugais aconteceram. A saideira era ciumenta e marcava em cima.
Num bendito sábado, em Córrego dos Monos, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, final do jogo, placar de 1×1, falta contra nós. Paulinho, ótimo goleiro, armou a barreira numerosa. O batedor chutou de curva, à meia-altura, tirando da barreira.
Paulinho, sem chance de defesa, olhou a bola em direção ao canto esquerdo. Deus Sacana e Gozador, só poderia ser Ele, por se divertir com a nossa resenha, fez um milagre inesperado: Naquele exato momento, enviou um cachorro acelerado da lateral esquerda, que tomou uma bolada, evitando o gol da derrota.
Gente, não foi a mão de Deus argentina e sim o Cachorro de Deus do Córrego dos Monos. Incrédulos, assistimos o milagre, paralisados. A bola quieta riu e nos olhou, perto da linha do gol. Fora da área, vendo a bola parada e ansiosa, gritei com o zagueiro Samuel:
– Chuta essa bola para longe agora, chuta, chuta logo!!
Saímos do jogo com sabor de vitória.
Amigos, o Pelé foi tricampeão mundial, fez mais de 1000 gols e foi eleito o Atleta do Século. Com todo respeito, não fez mais do que obrigação, só dependeu dele. Feitos que até o humilde Rubinho Benincá, com sua tradicional modéstia, faria. Mas com a gente, o ato foi heróico e santo.
Não houve intervenção humana e sim, divina. Por isso, pergunto e respondo aos senhores e senhoras:
– Pelé e Maradona tiveram a honra de jogar em Córrego dos Monos? Não.
– Foram salvos pelo Cachorro de Deus do Córrego dos Monos? Não.
Então, pronto! Nós fomos. Como diria o nosso saudoso árbitro e filósofo Boró: Pelé e Maradona, “vão jogar sua bolinha”.