Os participantes da festa em Piúma-ES, fizeram vídeos e estes viralizaram, tinha um pouco de tudo, menos medo do novo coronavírus
por Luciana Maximo/espiritosantonoticias
Os vídeos provam que a festa proibida na escuna em alto mar em Piúma rolou de quase tudo um pouco. Muito funk e bebida embriagaram os convidados que desrespeitaram o decreto estadual, o municipal e as orientações das autoridades de saúde/ Organização Mundial da Saúde, que defende o isolamento social e o distanciamento para tentar diminuir a contaminação pelo novo coronavírus que já matou mais de 30 mil pessoas no Brasil.
A festa na escuna realizada neste sábado e madrugada de domingo 31, pode ter sido organizada por dois jovens, que usam um grupo de WhatsApp intitulado Tudo no Sigilo que conta com dois administradores, a priori.
A reportagem tentou falar com os jovens que suspostamente organizaram a festa, mas eles não responderam às perguntas enviadas pelo mensager.
Além de proibida pelos decretos baixados no ES e pela Prefeitura de Piúma, a festa contou com superlotação, o que demonstra as imagens e os convidados não usavam nenhum equipamento de segurança como coletes, o que será apurado pela Capitania dos Portos do Espírito Santo.
Sobre a capacidade da embarcação a Capitania dos Portes também deverá averiguar a aplicar as sanções cabíveis.
Tudo indica que a escuna tenha sido alugada para a festa, ainda assim cabe ao proprietário ter, segundo a Capitania dos Portos uma pessoa de responsabilidade conduzindo a embarcação e conferindo o uso de equipamentos de segurança.
Um dos convidados que participou da festa é o empresário Adelso Camilo que aparece em um dos vídeos segurando a roda do leme da embarcação, ele disse que a barca passou por Piúma e ele embarcou, estava entediado de ficar em casa, logo ele que curte uma boa balada. Mas todos os convidados usaram máscaras e tiveram as mãos higienizadas antes com álcool e gel antes de embarcarem para a diversão que varou a noite. “Tive lá rapidinho, saí fora, dois meses sem sair de casa, pelo que eu vi geral estava de máscaras, tudo certinho”, disse. Quando perguntado se ele tinha medo do coronavírus foi enfático: “Na verdade, medo, medo, medo, comigo eu não tenho. Eu já tomei minhas providências, tomei Ivermectina e Anita, 100% aconselhável. Eu não tenho medo, talvez uns dos único que estava ali sem medo nenhum. Você acha que Bolsonaro que fica tão exposto não já teria pego, você não acha que ele já tomou Ivermectina e Cloroquina? Antibiótico talvez não tenha tomado porque ele tomou muito devido a facada que levou deve estar imune até hoje, senão ele não estava dando a mão assim a todos. No caso lá, ninguém apertou a mão de ninguém”, comentou.
O empresário afirmou que não sabe quem é o proprietário da escuna e nem quem organizou a festa. Enfatizou que estava há dois meses sem sair de casa e precisava relaxar, mas na festa não teve nada demais.
Comando da PM afirma que o responsável pode responder processo
A Reportagem entrou em contato com o Comandante da Polícia Militar em Piúma, sargento Pimentel para saber sobre quem fiscaliza eventos como este.
O sargento afirmou que desconhecia a festa e tudo que sabia foi o que postaram nas redes sociais. Em tempo ele foi categórico. “Na verdade, a fiscalização precisa partir da área de saúde, a PMES está pronta e à disposição para o apoio necessário. Se realmente houve esta festa embarcada, nós não teríamos como atuar. Acionaria ou solicitaríamos, no entanto, desde que tivéssemos solicitação via COPOM, apoio de um órgão com disponibilidade de embarcações, seja CBOM ou até mesmo a Polícia Ambiental, não descarto a possibilidade da Capitania dos Portos (Marinha). As medidas administrativas, em caso de Saúde cabe a Secretaria de Saúde entre outros órgãos. A apuração em caso de denúncia, desobediência as regras e decretos vigentes caberia as Policia Civil.
Em tempo, o sargento frisou que as pessoas que participaram da festa podem inclusive responder criminalmente de acordo com o código penal. “As regras da Capitania dos Portos prevê medidas a respeito do uso de bebida alcoólica em embarcações navegando. Se realmente tinha menores ingerindo bebidas alcoólicas, outros crimes podem ser imputados aos responsáveis, ou melhor, irresponsáveis’, salientou.
Saúde não tem fiscais
Procurado pela Reportagem o secretário de Saúde de Piúma, Alexandre Marconi disse que não sabia da festa e que tomou conhecimento através do jornal quando o procurou para saber quais as medidas serão aplicadas nos responsáveis. Disse também que a festa não teria sido em Piúma e sim em Guarapari. Mas o jornal apurou que a embarcação é de Piúma e a festa rolou próximo à Ilha dos Cabritos, os convidados embarcaram no Cais do Porto Alcides Abrahão e desembarcam na praia na manhã de domingo. “A única pessoa que eu conheço desse vídeo é o Adelson e o menino que trabalha com ele. Mas não tenho outras informações além dessas”.
Sobre a fiscalização de eventos como este totalmente fora das orientações da Organização Mundial da Saúde – OMS, Ministério da Saúde e os decretos, e também a fiscalização de bares, praia, clubes etc o secretário pontuou. “As nossas ações são dificultosas por não termos aporte. Comparar com municípios como Anchieta que detém guarda metropolitana é bem difícil. Por estarmos em um nível de risco alto, as medidas estão sendo alteradas e o estado deve se aproximar com militares. Só assim vamos conseguir fazer as incursões nos bares e outros. Não existe condição de um fiscal da vigilância ir para algumas incursões sem apoio, ele é ameaçado e hostilizado dependendo do local. Infelizmente, a polícia não tem contingente como já dito pelo comando”, ressaltou Marconi.
A Capitania vai investigar
A Marinha do Brasil (MB), por intermédio do Comando do 1º Distrito Naval e da Capitania dos Portos do Espírito Santo (CPES), informa que, no cenário atual de pandemia de COVID-19, tem executado ações de esclarecimento junto à população, em especial os navegantes, sobre as medidas de prevenção de contágio do novo Coronavírus. Desde o mês de março, a comunidade marítima local tem sido orientada quanto ao cumprimento das recomendações da Organização Mundial da Saúde, do Ministério da Saúde e do Governo do Estado do Espírito Santo.
A CPES reforça que adota as diretrizes do Ministério da Defesa, normas portuárias, aduaneiras e de imigração, do Ministério da Saúde e das Autoridades Sanitárias, em conformidade com a Lei Nº 9.537 de 1997, a qual dispõe sobre a segurança do tráfego aquaviário em águas sob jurisdição nacional. Nos vídeos encaminhados e com os dados disponíveis no momento, não foi possível identificar positivamente a escuna, porém, este representante da Autoridade Marítima prosseguirá com as ações visando à apuração do fato. As embarcações que realizam transporte de passageiros devem estar em bom estado de conservação, ser inscritas e devidamente classificadas. Além disso, a quantidade de passageiros embarcados não deve exceder a capacidade máxima. É necessário que a embarcação possua extintores de incêndio e material de salvatagem (coletes e boias) suficientes para todos.
Os coletes devem ser homologados, estar em boas condições de conservação e de utilização imediata. Os tripulantes precisam ser devidamente habilitados e o condutor não pode ingerir bebida alcoólica. A CPES acrescenta que disponibiliza o número 185 para Emergências Marítimas, assim como o telefone (27) 2124-6526, o email: [email protected] e o Aplicativo “PRAIA SEGURA”, com “download” gratuito em ANDROID e iOS, para atendimento, denúncia e recebimento de informações. Para fins de verificação, é importante que as denúncias sejam encaminhadas com o máximo de informações que possam levar a identificação da embarcação.