No dia 13 de dezembro foi celebrado o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual. A data existe desde 1961 para combater o preconceito e a discriminação, além de buscar a garantia de direitos e a inclusão dessas pessoas na sociedade.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 47% dos casos de cegueira no mundo são decorrentes da catarata. Hoje, a doença atinge 17% da população mundial.
Apesar do número alto, a boa notícia é que a maioria desses casos poderiam ser evitados se tivessem acompanhamento médico. O dado da OMS é reforçado pelo médico do Hospital de Olhos Vitória, Cesar Ronaldo Vieira Gomes Filho
“A catarata acomete principalmente a população idosa, mas ninguém está imune.
O bom é que a doença, quando diagnosticada, pode ser revertida por meio de uma cirurgia. O procedimento cirúrgico da catarata é o mais realizado na oftalmologia e o que mais evoluiu nas últimas décadas”, explica.
Cesar Ronaldo Filho é referência nacional sobre o assunto. Com mais de 20 anos de trajetória, já realizou cerca de 25 mil cirurgias de catarata. Hoje, o médico explica um pouco mais sobre o procedimento:
Como é feita a cirurgia
A cirurgia da catarata consiste na remoção da lente natural do olho, chamada de cristalino, que após certa idade torna-se opaca ou “embaçada”. O procedimento consiste na sua substituição por uma lente artificial transparente, chamada de lente intraocular. O procedimento em si dura de 10 a 12 minutos e o paciente retorna para casa no mesmo dia, podendo voltar à rotina normal depois de um breve repouso.
Como é feita a anestesia?
A anestesia é local. Pode ser realizada somente com gotas anestésicas, ou através da injeção de anestésico na região ao redor do olho. Geralmente, o paciente também é levemente sedado para que tenha mais conforto durante a realização do procedimento.
Existem riscos?
Desde que realizada por cirurgiões especializados nessa área, a taxa de sucesso é muito alta. O tempo cirúrgico e a recuperação costumam ser rápidos também. Mas apesar disso, é um procedimento extremamente minucioso e delicado, que exige uma curva de aprendizado longa por parte do cirurgião. Hoje, um médico especializado na cirurgia de catarata leva entre 12 e 14 anos para que esteja plenamente habilitado para realizar o procedimento. Além disso, a tecnologia atual também contribui para a redução dos riscos.
A saúde geral e ocular do paciente, assim como sua história familiar, também são fatores que influenciam diretamente no resultado cirúrgico. Além disso, é fundamental que o paciente siga as orientações pré e pós-operatórias do seu médico para diminuir os todos os riscos possíveis.
Qual é o momento certo para operar?
Antigamente, quando a técnica cirúrgica ainda não havia evoluído, existia um consenso médico de indicar o procedimento somente quando a catarata estivesse muito evoluída ou “madura” e em estágio extremamente avançado, pois a cirurgia era mais invasiva e sua recuperação mais prolongada, com maiores riscos para o paciente.
Hoje, com o surgimento de novas técnicas, como a facoemulsificação, os especialistas aconselham que se evite que a doença chegue a um estado muito avançado, pois sua rigidez dificultará a fragmentação e aspiração, aumentando o risco de complicações cirúrgicas e o tempo de recuperação do pós-operatório.
Portanto, a cirurgia está indicada a partir do momento que estiver dificultando as atividades do dia a dia da pessoa. A cirurgia também poderá ser indicada em outras circunstâncias, com a finalidade de evitar complicações decorrentes da presença do cristalino doente, opaco e/ou de volume aumentado, ou ainda para possibilitar a avaliação e tratamento de doenças da retina e do nervo óptico, por exemplo.
O resultado da cirurgia é bom?
Sim. Quando a cirurgia é indicada no momento correto e na ausência de outras doenças oculares, a recuperação é total, ou seja, a visão é 100% restabelecida.
Nos últimos anos, o principal avanço na área de cirurgia de catarata foi a evolução nas lentes intraoculares. As lentes podem ser implantadas sob medida para cada necessidade do paciente, corrigindo não só a catarata, como também os erros de refração. Ou seja, o paciente tem a possibilidade de, após a cirurgia, não precisar mais de óculos, tanto para longe quanto para perto.
Dados relevantes sobre a cegueira e sobre a baixa de acuidade visual (BAV)
• Estima-se que 2,2 bilhões de pessoas no mundo têm problemas visuais. Desse total, pelo menos 1 bilhão de pessoas poderiam ser tratadas, apresentando melhora da qualidade da visão ou cura total do problema.
• As duas principais causas da baixa visual e cegueira são decorrentes de erros de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo e presbiopia) e a catarata.
• Os erros de refração podem ser tratados com o uso de lentes corretivas. Já a catarata tem como tratamento muito eficaz a realização de cirurgia, que pode trazer de volta a visão perdida.
• Em países em desenvolvimento, apenas 36% das pessoas que precisam de óculos e 17% dos pacientes que precisam da cirurgia de catarata têm acesso adequado ao tratamento.
• Estima-se que a baixa de visão cause uma perda financeira de U$ 411 bilhões no mundo, gerando custos com tratamentos paliativos e afastamento das pessoas do mercado de trabalho.
• A baixa visão pode afetar pessoas de todas as idades. Entretanto, a maioria das pessoas com perda de visão ou cegueira estão na faixa etária acima dos 50 anos
• As principais causas da baixa visual são, nesta ordem:
– Erros de refração, ou seja, óculos.
– Catarata.
– Retinopatia diabética.
– Glaucoma.
– degeneração macular relacionada à idade.