O canto da poesia me deixa assim. Trazendo paz, consolo e choro. Debruçado e desesperado, despejo minha inquietação sobre seus ombros suportados. Perdido, por te amar demais, volto para casa acompanhado da angústia, pela solidão da noite.
Pelo caminho, sem rumo, chuto a rua fria, vazia e embriagada de tristeza. O pranto, solidário, vendo minha dor, tenta me consolar, e abraçados, choramos juntos.
Quero você, mais do que tudo. Quero você, nesse instante, para sempre. Quero você, afiada, perigosa e louca. Quero rasgar, dilacerar e expor a paixão sem medo. Quero você, pela eternidade infinita, quero você, por um segundo duradouro e belo.
Quando cego e sedento te olhar, sem negociar desejos, quero você, sem juízo, declamada, transbordada, afogada e sem guardar vidas.
A poesia não está morta. Ela, angustiada e angustiando, sobrevive. Sem ela, não gozamos, não temos paladar e sabor. Somos asfixiados pelos dias normais, sem cheiro e cor. Sem enxergar, banais, boçais e desnorteados, contamos os dias perdidos no calendário. Com fé, machucada e desprezada, a poesia chora, cantando ladainhas.