Utilizado como método terapêutico, a equoterapia emprega o cavalo como aliado em diversos tratamentos. Na Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes), unidade gerida pela Secretaria da Justiça (Sejus), o projeto Equo’s da Paes é desenvolvido de segunda a sexta-feira, pela manhã e à tarde, e proporciona inúmeros benefícios.
Após o período de recesso de final de ano, o projeto, que é realizado em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Viana, voltou a atender as mais de 100 crianças da instituição que participam das sessões de terapia no Complexo de Viana, além de 10 adultos do Lar Genoveva Machado, entidade social do município. As aulas começaram no início de março.
Atualmente, cinco cavalos são utilizados na equoterapia. A fisioterapeuta da Apae de Viana, Lilian Flávia Pereira Reis, explica que a atividade é indicada no tratamento de diversos tipos de comprometimentos motores, mentais, sociais, problemas neurológicos, ortopédicos e posturais como: paralisia cerebral, autismo, atraso no desenvolvimento neuropsicomotor e diversas síndromes.
“A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como agente promotor de ganhos físicos e psíquicos para o praticante. A atividade exige a participação do corpo inteiro e da mente e isso contribui para o desenvolvimento da força muscular, conscientização do próprio corpo, aperfeiçoamento da coordenação motora e equilíbrio”, explica.
De acordo com a fisioterapeuta, a interação com o animal e o ambiente natural da equoterapia fazem com que os assistidos desenvolvam novas formas de socialização, autoconfiança e autoestima, além de aprimorar focos como a atenção, estímulo tátil, visual e auditivo e o desenvolvimento de afeto e carinho.
“Os assistidos com o Projeto de Equoterapia são retirados de um ambiente fechado dos consultórios para desfrutar de um ambiente natural, usufruindo de todos os estímulos propostos. É um ambiente mais agradável onde as terapias se tornam mais produtivas e conseguimos alcançar metas que impressionam, vistas tanto pelos terapeutas como pelos familiares da instituição”, conclui Lilian Flávia Pereira Reis.
Ao todo, 15 internos do regime semiaberto participam de frentes de trabalho no projeto e atuam no cuidado com os animais, limpeza e manutenção da pista de equoterapia. Eles foram capacitados com cursos específicos de noção de doma, rédea, selagem, montaria e tratador, entre outros. Os cavalos utilizados no projeto foram resgatados em rodovias. Os animais recebem tratamento veterinário e treinamento específico na unidade prisional.
A diretora da unidade, Leizielle Marçal Dionízio, explica que o trabalho desenvolvido pelos detentos também ajuda na mudança de comportamento. “Há uma grande mudança de perspectiva e sensibilização nesse projeto, pois o índice de reincidência criminal dos apenados envolvidos é baixíssimo. O trato com o cavalo também requer habilidades especiais, já que eles aprendem a lidar com sentimentos e emoções para conduzir as atividades. Os benefícios para as pessoas que buscam o tratamento são inúmeros e para os detentos, uma ação importante de ressocialização”, disse Leizielle Marçal Dionízio.