Gosto de plantas. Embora não tenha muito cuidado ao lidar com elas, em minha casa temos algumas. Minha esposa sempre me fala: Amor( ainda me chama de amor depois de quarenta e três anos juntos) jogue uma aguinha nas plantas, hoje cedo mesmo ela me falou assim.
Voltando às plantinhas, tem uma em especial que eu gosto de cuidar, um espinhentozinho que só dá flores uma vez por ano e talvez mesmo por isso gosto mais dele que das outras plantas. Acho ele meio parecido com alguns humanos, cheio de espinhos, como que para se defender, mas que, quando tem oportunidade, retribui com fartura o cuidado de que tem sido objeto.
Já o irmãozinho bastardo dele, o outro espinhento, tenho um pouco de cisma, embora sempre cuide dele. O ingrato nunca deu uma florzinha que seja pra quebrar a desconfiança com que o trato. Nas vezes que tentei ser mais próximo, tirando-lhe as pragas, limpando ou molhando mais de perto, sempre me machucou.
Claro que já poderia tê-lo jogado lá embaixo, no terreno baldio, mas continuo a cuidar dele. Hoje, ao dar uma faxina nas plantas, à espera da primavera, tive mais um contratempo. O danado solta um pozinho que coça bastante e demora a passar.
Parece com alguns amigos que muita gente fala pra me afastar, mas que continuo cultivando a amizade. Acredito que eu também seja um pouco, ou melhor, bastante espinhento. Por isso, continuo a regar o bastardinho e a cultivar minhas amizades espinhentas.