Separadas por segundos, vitórias festejadas e derrotas choradas, convivem próximas nas olimpíadas. Um salto artístico não cravado, o pé nervoso escapado fora do tablado, o arremesso decisivo vigiado pelo olhar tenso, um ippon traiçoeiro e inesperado… Ufa.
Agitada, em busca da sonhada medalha, Adrenalina, no alto do pódio, com sangue nos olhos e faca nos dentes, “dá o seu melhor.” A possibilidade eminente de voltar para casa sem os colares dourados, prateados e bronzeados, é real e iminente.
Torcedores patriotas desesperados vibram, xingam e idolatram os pressionados heróis humanos. A paixão desajuizada grita desequilibrada. De volta pra casa, os vencedores medalhados são festejados e glorificados.
Sem louros e consolos, entre quatro paredes, o fiel travesseiro escuta o silêncio doído dos não medalhados. Estreito e exclusivo, o fio da navalha é o caminho peregrino para alcançar a cobiçada morada montanhosa do Deus Olímpio.
De braços abertos, o céu e o inferno aguardam os distintos competidores. Inclusiva, a raquete de frescobol me olha sorridente e chama: – Vamos bater uma bola? Vamos, sim! Me aguarda um pouco, respondo. Dourado e familiar, o mar maratimba nos espera e “dá o seu melhor.”