O julgamento do caso do trágico acidente que resultou na morte de 11 pessoas, incluindo nove membros do grupo de dança Bergfreunde de Domingos Martins (ES), foi adiado novamente. Inicialmente marcado para o dia (28), em Mimoso do Sul (ES), o julgamento foi transferido para o próximo dia 7 de novembro, após a advogada de um dos réus ficar inapta à realização das atividades profissionais, por questões de saúde, pelo período de 60 dias.
Entretanto, o processo tramita há quase sete anos depois do acidente. O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) apresentou denúncia contra os réus ainda em outubro de 2017, mas o caso envolvendo os dois réus só avançou para julgamento em 2023.
Após o término da análise das provas durante a fase de instrução processual, os réus recorreram, mas o pedido foi negado e o juiz do caso optou pela pronúncia dos acusados. Com essa decisão, os réus agora enfrentarão as acusações em júri popular em novembro.
Este é o segundo adiamento do julgamento. Em maio deste ano, a audiência foi remarcada devido ao estado de calamidade que atingiu Mimoso do Sul no início do ano, causado pelas chuvas.
Em nota, os advogados de acusação se manifestaram contrários ao segundo adiamento. Eles afirmam que a demora na resolução do processo constitui uma forma de injustiça por si só. “Um julgamento justo deve considerar não apenas os direitos dos acusados, mas também os interesses dos parentes das vítimas, que depositam sua confiança no Poder Judiciário para resolver seus conflitos”, destacam os advogados de acusação.
Grupo voltava de apresentação em Minas Gerais
O acidente ocorreu em 10 de setembro de 2017, no km 450 da BR-101, em Mimoso do Sul, e envolveu dois caminhões, um Ford Ka e um micro-ônibus que transportava o grupo de dança. O grupo, composto por jovens com idades entre 16 e 42 anos, retornava de uma apresentação em Juiz de Fora (MG) quando a tragédia aconteceu.
O micro-ônibus levava 20 pessoas no total e havia participado da 23ª edição da Deutsches Fest antes de seguir para cidade natal. Nove membros do grupo de dança, o motorista e o filho de uma das vítimas faleceram. Entre os passageiros, três sofreram lesões graves, duas pessoas tiveram ferimentos leves e quatro saíram ilesas.
Desde então, a comunidade local e os familiares das vítimas enfrentam um luto profundo. Anelize Saar, mãe de Pedro Lucas Saar Dias, que perdeu a vida no acidente aos 16 anos, expressou sua frustração com o segundo adiamento do julgamento.
“Quero que a justiça seja feita. Em setembro faz sete anos do pior momento de nossa vida. Dia após dia esperando por esse momento e agora, na hora disso ter um fim, recebemos essa péssima notícia de adiamento, faltando um dia, isso é extremamente revoltante. Precisamos fechar esse ciclo, pois cada vez que precisamos reviver tudo isso, sofremos tudo novamente.
Investigação e acusados
A Polícia Civil concluiu o inquérito sobre o acidente, em outubro de 2017. Segundo as investigações, o motorista do caminhão que transportava chapas de granito, Wesley Rainha Cardozo, estava dirigindo pela BR-101 no sentido Vitória a Rio de Janeiro. Cardozo, que estava em alta velocidade, tentou realizar uma manobra proibida para ultrapassar outro veículo, perdendo o controle do caminhão.
Como resultado, as chapas de granito, que estavam apoiadas em cavaletes, se deslocaram para o lado esquerdo e se soltaram e invadiu a pista contrária durante a tentativa de ultrapassagem, colidindo frontalmente com um micro-ônibus que seguia no sentido oposto.
Após a colisão inicial, o micro-ônibus desgovernado cruzou para a pista contrária e bateu em um caminhão carregado de cerveja. O impacto causou uma explosão e incêndio em ambos os veículos. Um Ford Ka que circulava pela estrada colidiu com os destroços de granito espalhados pela via.
O caminhão que transportava chapas de granito acumulou 17 multas entre agosto de 2016 e junho de 2017, todas em estradas de São Paulo. As infrações incluem falta de distância lateral e frontal, não pagamento de pedágio, excesso de velocidade e transitar em locais ou horários não permitidos.
Além disso, o proprietário do veículo foi notificado por infrações do Art. 230 do Código Brasileiro de Trânsito, como dirigir um veículo não registrado, com velocímetro inalterado, sem equipamento obrigatório em conformidade, e sem informações sobre o peso da carga. As últimas infrações foram registradas no dia do acidente em Mimoso do Sul.
Com a conclusão do inquérito, o motorista do caminhão que transportava as chapas de granito, Wesley Rainha Cardoso, bem como o dono do caminhão, Marcelo José de Souza, foram autuados por 11 homicídios e 9 tentativas do mesmo crime. fonte: site montanhascapixabas