Membro do clero diocesano de Cachoeiro de Itapemirim, Monsenhor Dalton Meneses de Penedo, falou sobre o mês de outubro que se dedica especialmente à oração do rosário, já que começa com a festa de Nossa Senhora do Rosário, celebrada nesta segunda-feira, dia 7 de setembro.
Segundo explicou o padre, a origem dessa memória está ligada a Santo Domingo de Guzmán “foi ele quem teve a iniciativa, podemos dizer assim, de divulgar a oração do Santo Rosário e, como o próprio nome diz: rosário significa um conjunto de rosas. São rosas oferecidas a Nossa senhora”.
E destacou a Igreja recomendou rezar este rosário recitando os 150 salmos de Davi, entretanto, só faziam isso as pessoas cultas, mas não a maioria dos fiéis. Diante dessa situação, sugeriu que aqueles que não sabiam ler, substituíssem os salmos por 150 Ave Marias, divididas em quinze dezenas. Este “rosário curto” era conhecido como “o saltério da Virgem”.
E, segundo afirma o presbítero, essa é uma oração cristocêntrica e mariana ao mesmo tempo, que repete a saudação do anjo a Maria à maneira da oração oriental repetitiva.
“Essa oração mariana bíblica em sua primeira parte e tão tocante na vida da igreja em sua segunda parte, tem seu foco principal na parte que diz: bendito é o fruto do vosso vente Jesus. Ou seja, é uma louvação constante à Jesus”.
E, assim como nos salmos existem as antífonas, frases que dão sentido a recitação que se diz antes e depois dos salmos, “para cada Ave Maria, haveria também uma lembrança do evangelho a ser contemplado, por isso, na primeira dezena, nós precisamos meditar o mistério. Mas atenção, as dez Ave Marias não são o mistério. O mistério é o que proposto para nós, enquanto recitamos a primeira dezena”.
Segundo a apuração da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim, antigamente romanos e gregos costumavam coroar com rosas as imagens que representavam os seus deuses, como símbolo da oferta dos seus corações. A palavra “rosário” significa “coroa de rosas”.
Seguindo essa tradição, as mulheres cristãs que marcharam ao coliseu romano para serem martirizadas, usavam coroas de rosas nas suas cabeças, como símbolo da alegria e da entrega dos seus corações para ir ao encontro de Deus. Estas rosas eram recolhidas à noite pelos cristãos, que rezavam uma oração ou um salmo pelo eterno descanso dos mártires.
Alguns séculos depois, exatamente no ano 1208, dizem que a Virgem Maria ensinou a São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Pregadores (dominicanos), a oração do Rosário.
O santo espanhol estava no sul da França, lutando contra a heresia albigense. Um dia, na capela que estava em Prouille, implorou a Nossa Senhora que o ajudasse, pois sentia que não estava conseguindo quase nada.
A Virgem apareceu-lhe segurando um rosário e ensinou-lhe a recitá-lo. Em seguida, pediu que o pregasse por todo o mundo, prometendo-lhe que muitos pecadores se converteriam e conseguiriam abundantes graças.
São Domingos de Gusmão deixou a capela cheio de entusiasmo com o rosário na mão. E, efetivamente, levou-o por todas as partes e muitos albigenses voltaram à fé católica.
Alguns anos depois, em 7 de outubro de 1571, aconteceu a batalha naval de Lepanto, quando o cristianismo foi ameaçado pelos turcos. Frente ao perigo iminente, alguns dias antes, o Papa São Pio V pediu aos fiéis que rezassem o rosário pedindo pelas forças cristãs.
Monsenhor Dalton conta que visitou o cenário desse conflito, “os turcos causaram um massacre aos cristãos, eu quando estive no sul da Itália, vi os armários contendo os 800 esqueletos de cristãos que, recentemente, foram canonizados como Santos Mártires. À época, as mulheres e crianças foram escravizadas e os homens foram obrigados a tornarem-se muçulmanos. Mas mediante a recusa em converter-se, foram martirizados.”
A história conta que o Pontífice estava em Roma, resolvendo alguns assuntos, quando de repente levantou-se e anunciou que sabia que a frota cristã havia triunfado. Ordenou que tocassem os sinos e organizassem uma procissão. Logo depois, os mensageiros chegaram anunciando a vitória. Em seguida, instituiu a festa de Nossa Senhora das Vitórias, em 7 de outubro.
Um ano depois, Gregório XIII mudou o nome da festa para Nossa Senhora do Rosário e determinou que fosse celebrada no primeiro domingo de outubro (dia em que a batalha foi vencida). Atualmente, celebra-se a festa do Rosário em 7 de outubro e alguns dominicanos continuam comemorando esta festa no primeiro domingo do mês.
“É triste pensarmos que a memória desta data nos conduz a um passado de violência, guerras e mortes. Mas, por outro lado, sabemos que na vida é assim… Viver é uma constante luta. Diariamente, travamos uma batalha pessoal contra nossos egoísmos e nossas injustiças. Nossa luta é contra este egoísmo que invade os corações e causam as grandes guerras”.
Durante vários séculos os fiéis rezaram os rosários divididos em três mistérios: gozosos, dolorosos e gloriosos. Entretanto, em outubro de 2002, foi apresentada a Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, na qual são João Paulo II acrescentou a oração os “mistérios luminosos”, centrados na vida pública de Jesus.
O Santo Rosário foi a oração preferida de muitos santos e pontífices. Assim, em outubro de 2016, o papa Francisco afirmou: “A oração do Rosário sempre me acompanha na minha vida; também é a oração dos simples e dos santos… é a oração do meu coração”.
Fonte: Diocese de Cachoeiro