Desde o último mês de janeiro vêm sendo realizadas oficinas de bate flechas no bairro Zumbi, o mais populoso de Cachoeiro de Itapemirim, com o intuito de fortalecer esse folguedo que é baseado em uma dança com flechas e na execução de instrumentos musicais, em reverência a São Sebastião. No local atuam os grupos Bate Flechas São Jorge Guerreiro e Mártir São Sebastião (liderado pela mestra Terezinha de Jesus de Oliveira Francisco) e Bate Flechas de São Sebastião Menino Jesus e Nossa Senhora Aparecida (comandado pela mestra Niecina Ferreira de Paula Silva, também conhecida como Dona Isolina).
Ao longo do ano, esse projeto, intitulado Manutenção dos Campos Flecheiros do Bairro Zumbi, permitiu que os grupos se reunissem em suas respectivas sedes para realizar oficinas dessa manifestação que é uma das mais ricas do patrimônio imaterial local. Para que ocorra sua perpetuação, os ensinamentos das mestras – que se dá de forma oral e prática – precisa ser transmitido às crianças e aos adolescentes que passam a integrar cada grupo.
Após dez meses de oficinas, o encerramento do projeto ocorreu neste sábado, 12, quando os dois grupos realizaram a tradicional festa em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, que ocorre anualmente, na mesma data. O evento – o mais antigo encontro de bate flechas em solo capixaba – reúne vários grupos desse folguedo, vindos de diversas partes do sul do estado e também de Minas Gerais e do Rio de Janeiro, e conta com música, danças, procissão pelas ruas do bairro e comidas típicas, tudo em homenagem ao santo de devoção e à padroeira do Brasil.
“O balanço das oficinas é super positivo, porque novos flecheiros vão sendo formados de forma prática e interativa, ganhando autonomia, e isso faz com que o bate flechas se fortaleça e prossiga futuramente”, afirma Genildo Coelho Hautequestt Filho, coordenador geral do projeto.
A mestra Isolina se mostra satisfeita com o desempenho dos seus alunos: “Quando vemos os meninos batendo as flechas, memorizando as músicas e entendendo o nosso propósito, fico numa alegria só!”. Dona Terezinha complementa, comentando que “só pode existir o bate flechas se houver compromisso, e eu vi o quanto as pessoas do meu grupo estão comprometidas em aprender e seguir praticando”.
O projeto Manutenção dos Campos Flecheiros do Bairro Zumbi foi realizado com recursos do Funcultura, da Secretaria da Cultura (Secult), por meio do Edital 03/2022 – Projetos de Valorização da Diversidade Cultural Capixaba, e contou com o apoio da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, do Instituto Ádapo e do Studio Inovar Arquitetura.