Parecia que a menina era do interior, uma pintura discreta dos lábios, vestido simples com estampa de florais, o cabelo preso em coque e aquele ar um pouco assustado com o barulho do mercado e o vai e vem incessante das pessoas ali no Guandú.
Adolescentes são adolescentes em quaisquer circunstâncias e quando tímidos, então, são inconfundíveis.
A cor avermelhada na face traiu a vergonha da menina quando o pai veio com uma gaiola vazia, onde trouxera umas galinhas pra vender no mercado, ainda suja com restos no fundo e nos poleiros e a entrega para cuidar enquanto ia à loja comprar algo.
Veio então o ônibus e fui embora com um pouco da lembrança de minha adolescência, quando pegava uma caixa de picolés ali perto da casa do Roberto Carlos para vender na estação, com um medo danado do guarda que proibia que chegássemos nas janelas do Cacique, um trem que fazia a linha Cachoeiro até o Rio de Janeiro.
Êêêêê o sorvete Maurinho. Éééé pasteurizado…