Vários Estados e municípios pelo Brasil vêm enfrentando uma onda de boatos, ameaças e alguns ataques que acabam ocorrendo. O problema não é novo, aliás, já ocorre a mais de dois séculos, resultando em terríveis e brutais massacres pelo mundo.
Mas então, por que continuam acontecendo sem que as autoridades de diversos países até hoje não apresentassem uma solução definitiva? Porque não se aprendeu com os erros do passado? Porque nunca foi implantada uma política pública direcionada com protocolos rígidos e de plena aplicação continuada nas escolas, creches e universidades?.
Os Estados Unidos concentram a grande maioria das ameaças e ataques na ordem de 73%. Some-se a isso, a questão da 2ª emenda americana que blinda e dá o direito ao povo americano de possuir armas, mesmo sendo as usadas em guerras e conflitos com grande poder de fogo e destruição.
No Brasil, desde 2002 fomos inseridos num clube que ninguém desejaria estar. A violência no seu patamar mais alto da brutalidade, resulta na morte de crianças de 08 meses a 12 anos incompletos, além de adolescentes, professores e funcionários que se encontram constantemente sob a sombra do medo e da incerteza da segurança.
E se não bastasse tudo que já foi escrito, temos ainda grupos que cultuam e idolatram os atiradores e assassinos, cooptando ainda mais admiradores, que se comunicam através de aplicativos específicos, além de uso da deep e dark web, dificultando ainda mais a detecção de suspeitos e alimentando uma rede de ódio que cresce assustadoramente nas redes e que cedo ou tarde irão resultar em grandes tragédias.
Observamos que em milhares de casos os infratores apresentam sinais e são deixados de lado, pecando-se pela omissão e descaso em que tempos depois resultam em massacres de grandes proporções, e mesmo assim continuam as promessas de sensação de segurança, em que o governo deveria nos oferecer a certeza.
Em pouco tempo, o milagre da multiplicação de apresentação de propostas salvadoras surgiram do governo, assembleias legislativas, salvadores da pátria, gerando mais preocupação do que certeza, com referência a implantação de ações de segurança dentro das escolas.
Muitos andam esquecendo, que a maioria das ameaças e ataques, foram e são realizadas por aqueles que estudaram ou estudam no estabelecimento educacional e conhecem o local e a rotina como ninguém.
Não existe uma ou outra solução, mas sim o desenvolvimento mais profundo e a aplicação de ações integradas e continuadas que englobam o pré e o pós de uma maneira abrangente e criteriosa.
Os problemas são inúmeros, logo um caso que envolva bullying, intolerância, simpatia por grupos neonazistas e/ou terroristas, possuem características próprias, exigindo respectivamente abordagens específicas. Não se pode generalizar todos os casos e aplicar os mesmos procedimentos.
O projeto Olhos Abertos, vai por outro caminho, pois os diversos casos são estudados e analisados há décadas, para que possa resultar num projeto de abrangência e continuidade que englobe protocolos, inteligência e principalmente uma integração em rede para obtenção de resultados concretos.
Basta de promessas e soluções parciais, pois a violência no ambiente educacional já extrapolou há tempos todos os limites, atingindo crianças e adolescentes inocentes em que os infratores possuem a idade similar ou igual das vítimas.
Estamos de olhos abertos, pois a violência decorrente dos ataques consumados causam sérios problemas psicológicos e traumas duradouros aos sobreviventes e familiares.
Já passamos de todos os limites possíveis, não é mais admissível acontecer e se repetir os mesmos casos. Precisamos urgentemente de uma mudança de mentalidade e postura, pois caso contrário, continuaremos a ser vítimas sobreviventes num reino que prolifera o caos.
Ubirajara Chagas Favilla é Coordenador Nacional do Projetos Olhos Abertos