*por Dra.Maria Klien
Em minha jornada pessoal em busca de equilíbrio e bem-estar, encontrei várias soluções ancestrais que sobreviveram ao teste do tempo. Uma delas, e talvez a mais polêmica e poderosa, é a cannabis. Esta planta, venerada e estigmatizada ao longo da história, abre um mundo de possibilidades terapêuticas. Mas, como em todas as jornadas de cura, é preciso discernimento, conhecimento, disciplina e, acima de tudo, uma conexão profunda com nosso eu interior.
Há milhões de anos, a cannabis tem sido uma constante na vida humana, entrelaçada com diversas culturas, usada em rituais dentro de um contexto espiritual e sagrado ou para uso medicinal. Mas sua história é marcada por turbulências, mal-entendidos e proibições. Agora, estão redescobrindo seu potencial, entendendo que, se usada responsavelmente e com a orientação certa, pode ser uma aliada poderosa na busca por saúde e bem estar.
Em meu consultório, testemunho muitas pessoas buscando alívio para suas dores, sejam elas físicas ou emocionais. Sempre reforço a importância de uma abordagem que consiga enxergar o todo. A cannabis, nesse contexto, é um instrumento valioso. Ela interage com o sistema endocanabinóide do nosso corpo, um sistema complexo e essencial na regulação de funções como humor, sono e resposta à dor.
Seu uso na medicina moderna abre um leque de possibilidades para tratamentos de ansiedade, insônia, dor crônica e inflamação, seja através de óleo ou outras formas de apresentação. Sendo sempre crucial o acompanhamento médico, pois cada indivíduo reage de forma única e chegar na dose ideal demanda uma alquimia.
A questão da legalidade da cannabis ainda é complexa. As leis variam enormemente pelo mundo, refletindo as tensões culturais e sociais. No Brasil, por exemplo, há avanços, mas ainda estamos longe de uma utilização ampla e bem compreendida. É essencial ter discussões abertas e informadas, enxergando a cannabis não como uma solução para tudo, mas como uma ferramenta útil em nosso arsenal terapêutico.
Além do seu potencial terapêutico, a cannabis nos convida a uma jornada mais profunda de autoconhecimento. Em um mundo que busca soluções externas para problemas internos, ela nos lembra da importância de olhar para dentro. Como Carl Jung enfatizou, acessar nosso “eu” mais profundo é essencial na autocura. A cannabis pode ser uma ponte para essa jornada interior, ajudando a alcançar maior consciência e conexão com nossas necessidades mais profundas.
A cannabis é uma planta com inestimáveis possibilidades, mas seu uso requer discernimento, responsabilidade e uma compreensão holística da saúde. Como profissional nesta área, continuo explorando suas potencialidades e desafios, sempre visando ajudar aqueles em busca de cura e equilíbrio. A jornada de autocura é contínua, e a cannabis pode ser uma das muitas chaves para um novo entendimento de bem-estar dentro de um contexto mais amplo de saúde.
*Dra. Maria Klien é psicóloga e empreendedora no campo da cannabis medicinal. Psicóloga especializada em transtornos de ansiedade onde combina terapias tradicionais com o uso de cannabis medicinal. Como empreendedora ela trabalha para tornar a planta uma ferramenta acessível e eficaz para o bem-estar emocional.