Por Guilherme Nascimento
O Concurso de Fanfarras e Bandas de Itapemirim (CONFABANI 2025) reafirmou-se como uma das mais potentes manifestações culturais do Espírito Santo. Realizado no município de Itapemirim, o evento reuniu corporações de diversos municípios capixabas e de outros estados, como o Rio de Janeiro, em um grande desfile de musicalidade, coreografia, identidade e tradição popular. Foi um dia intenso, marcado por simbolismos, reencontros, celebrações e aprendizados.
O CONFABANI 2025 foi mais do que uma competição. Foi um reencontro com as memórias de uma geração inteira que cresceu entre instrumentos de sopro, baquetas, bandeiras e coreografias. Durante o evento, foi visível a dedicação dos organizadores e o envolvimento das corporações. O público presente presenciou um verdadeiro espatáculo da cultura de bandas e fanfarras, um universo que é, por natureza, inclusivo, diverso e comunitário.
A edição deste ano também foi marcada pela excelência do corpo de avaliadores, composto por profissionais com história viva no mundo de bandas. Muitos desses avaliadores foram condecorados artistas e educadores que, hoje, atuam em outras frentes da sociedade, mas mantêm viva a chama dessa paixão. A presença deles, em regime de trabalho voluntário, simbolizou um verdadeiro reencontro de trajetórias e memórias. Alguns viajaram por horas e se dedicaram durante todo o dia, num gesto de amor e respeito à cultura.
Parabenizamos as corporações premiadas:
1º Lugar Geral: Corporação Musical Fênix (bicampeã)
2º Lugar Geral: Banda Musical Wilson Resende
3º Lugar Geral: Corporação Musical Municipal Alice Ferreira Laurindo
A todas as corporações que participaram e se destacaram em seus quesitos e categorias, nosso aplauso e reconhecimento.
No entanto, como em todo grande evento, há aprendizados a serem levados adiante. A edição de 2025 revelou a necessidade urgente de investimento em formação técnica para participantes, coreógrafos, maestros e coordenadores. Foram identificadas penalidades por descuidos objetivos que poderiam ser evitados com maior conhecimento dos regulamentos. Cursos práticos, com apoio institucional, são essenciais para fortalecer esse movimento.
Outro ponto que merece atenção foi a ausência significativa de linhas de frente, com bandas bem preparadas musicalmente mas que não trouxeram balizas, comandantes moor ou corpos coreográficos. Isso chama à reflexão: onde estão os balizas masculinos, por exemplo? Onde estão os corpos dissidentes, afeminados, periféricos, pretos, LGBTQIAPN+, que sempre encontraram nesse universo um espaço de existência e arte?
Mais do que um evento, o CONFABANI é um reduto de diversidade. Precisamos incentivar a presença desses corpos, criar espaços seguros e acessíveis, respeitar a pluralidade como pilar fundamental da cultura de bandas e fanfarras.
Também é importante refletir sobre a infraestrutura e os recursos: com maior investimento, é possível oferecer melhor estrutura aos participantes, mais visibilidade, premiações robustas, ajuda de custo aos avaliadores, presença de intérpretes de Libras, e um encerramento com atrações culturais. A limitação orçamentária é compreensível diante do contexto político atual, mas não deve impedir a busca constante por avanços.
A organização está de parabéns. Allan Nazareth (educador físico, coordenador de bandas e fanfarras) e Vetto Bulamarck (ativista e especialista em linhas de frente), junto com Hernandes Albuquerque, conduziram o evento com compromisso e paixão. A Prefeitura de Itapemirim, através do prefeito Geninho e da Secretaria de Cultura, representada por Peixe e Patinho, foram fundamentais para que o CONFABANI acontecesse.
Por fim, como fundador e gestor da Casa Roxa Cultural, quero compartilhar um gesto simbólico: realizamos uma doação de R$ 2.000,00 ao festival como forma de gratidão à cultura de bandas e fanfarras. Foi nesse universo que nasci como artista, foi ali que comecei minha caminhada. A Casa Roxa é hoje um ponto de cultura reconhecido nacionalmente, mas jamais esquecemos nossas origens. Que mais instituições e pessoas com condições possam também contribuir. Porque cultura salva vidas.
O CONFABANI 2025 não foi apenas um festival. Foi um chamado à memória, à resistência e à responsabilidade coletiva de manter viva essa arte que marcha, dança e canta por nossas avenidas e corações.





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