*por Wagner Medeiros Junior
Após um árduo trabalho de conscientização realizado pelo nosso Sistema de Saúde Pública, hoje o Brasil é o segundo país transplantador de órgãos no mundo. Perdemos apenas para os Estados Unidos em números absolutos, pelo tamanho da população daquele país. Entretanto, diferente de lá, aqui quase 90% dos transplantes são custeados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), desde a captação de órgãos à assistência integral dos pacientes transplantados, que contam com uma complexa rede espalhada por todo território nacional, envolvendo milhares de colaboradores.
A doação de órgãos é um dos gestos de maior altruísmo em vida. É voluntário e depende da vontade do doador e da concessão da família. O Ministério da Saúde (MS) explica que há dois tipos de doadores: o vivo e o falecido. No primeiro caso, a doação ocorre pela própria vontade do doador, com a condição de que a sua saúde não seja prejudicada. Assim, o doador pode doar “um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges, podem ser doadores”. Não parentes necessitam de autorização judicial.
Já para o doador falecido é necessário que ele manifeste em vida a intenção de doar, por documento ou à família, a quem cabe autorizar a retirada do órgão após a morte. Neste caso, podem-se doar córneas, rins, coração, válvulas cardíacas, pulmões, fígado, pâncreas, intestino, ossos, pele e tendões. Consequentemente, muitas pessoas são beneficiadas com os órgãos e tecidos de um só doador. Mas na maioria dos casos, o transplante de órgão é a esperança derradeira de vida para a pessoa receptora.
Para a família do doador, o ato da concessão em momento de tristeza e dor pela perda do seu é também um gesto de elevado amor ao próximo, de extrema grandeza. Todavia, a equipe multidisciplinar encarregada pela captação dos órgãos deve estar muito bem preparada para lidar com as mais diversas situações, pois não são poucos os casos adversos. Daí que o trabalho de conscientização sempre se faça necessário para atender a demanda do Sistema Nacional de Doação e Transplante de Órgão e uma longa fila de espera.
No Espírito Santo, a coordenação da Central Estadual de Transplantes é exercida com destacada eficácia pela Enf.ª Maria dos Santos Machado. Graças ao seu trabalho e de sua equipe, nosso estado tem se destacado no cenário nacional por um serviço competentemente organizado. Por isto, o número de doações e transplantes tem se mostrado crescente ao longo dos últimos anos. No ano passado, por exemplo, alcançamos um novo recorde de 142 transplantes.
No âmbito dos municípios de Espírito Santo, Cachoeiro de Itapemirim hoje é uma importante referência na captação de órgãos, graças ao trabalho desenvolvido pela Santa Casa de Misericórdia (SCMCI), sob a coordenação da Enf.ª Beatriz Colodetti. Contudo, no curso deste ano, o Hospital Evangélico (HECI) já desponta entre as cinco maiores unidades do estado que realizam captação. Isto inclusive lhe mereceu a Menção Honrosa durante o “I Encontro Estadual de Doação de Órgãos e Tecidos – Uma Atitude Muda Tudo”.
Vale destacar que o crescimento do serviço do HECI resulta da contratação da competente Enf.ª Cristiane Bittencourt Felício, em consonância com a coordenação estadual e orientações da Enf.ª Maria Machado. Isto possibilitou que a SCMCI e o HECI construíssem uma importante parceria para capacitar os agentes comunitários de saúde do município em um trabalho pioneiro para estimular a doação de órgãos. Esta união de ambas as unidades hospitalares nos deixa um excelente exemplo de valorização da vida.