As eleições municipais estão ainda distantes para uma análise mais acurada. É fato também que o retrato político do momento terá mais sentido daqui a uma semana, ao terminar o julgamento no TSE que decidirá a respeito da elegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Por que coloco este divisor de águas? Paradoxalmente, uma condenação de Bolsonaro certamente o libertará para percorrer o país emprestando apoio aos candidatos da direita, em especial àqueles do Partido Liberal (PL). Imagina ele levantando o braço de algum candidato aqui em Cachoeiro num cenário de desgaste do atual presidente?
Mesmo após o festival de denúncias que vem enfrentando por parte do establishment, Bolsonaro continua com a popularidade em alta. Por onde passa é recebido por multidões e ovacionado. Veja as redes sociais, estúpido, diria o economista Luiz Paulo Velloso Lucas, parafraseando o marqueteiro americano James Carville.
Por sua vez, seu principal desafeto, o presidente Lula, não consegue sair às ruas no próprio país onde governa. Quando o faz, as vaias são implacáveis, mesmo em redutos notadamente petistas, como a Bahia. A opção tem sido testar o prestígio no estrangeiro.
Faço essas considerações para reforçar minha impressão de que a influência das grandes figuras políticas nacionais terá um peso maior do que o normal nas eleições municipais. Talvez até determinante.
Voltando a Cachoeiro, no momento, apenas dois candidatos podem se beneficiar ou se lascar com essa renhida polarização: Juninho Corrêa (PL) e Carlos Casteglione (PT). Entretanto, três fatores oferecem a chave para o sucesso ou insucesso numa eleição: dinheiro, máquina pública e grupo político.
Juninho tem a primeira, mas ainda lhe faltam a segunda e a terceira. O apoio da direita-raiz cachoeirense a sua candidatura ainda patina na pedra fria. Essa direita está centrada no setor de rochas ornamentais, que ainda não deu sinais claros de que vai apoiá-lo. Talvez tenha plano de voo próprio.
Casteglione também não tem grupo e máquina pública para apoiá-lo, mas tem fundo eleitoral generoso. Carrega ainda a vantagem de ser a outra face da moeda. Uma reviravolta no cenário político nacional poderia transformar o presidente Lula num cabo eleitoral de peso. Falta um ano e meio, e muita água vai correr por baixo da nossa Guadalajara.
Descarte o cenário nacional, a terceira via pode vir de uma aliança que está sendo ensaiada entre os pré-candidatos Doutor Bruno Resende (União) e Diego Libardi (Republicanos). Incluiria o deputado Allan Ferreira (Podemos) nesse bolo. Juntos, podem tentar emplacar a tal terceira via que não vingou nas eleições presidenciais. Se vierem como snipers, serão comida de onça. Volto ao tema.
Até!