Por Guilherme Nascimento — Casa Roxa Cultural
Quem olha para o mar aberto de Marataízes, por volta das nove e meia da noite, percebe algo que chama atenção: um ponto muito brilhante, firme no céu, mudando de cor entre branco, azul e avermelhado, sem sair do lugar. Esse fenômeno não é raro, mas costuma provocar curiosidade. A ciência explica: trata-se de uma estrela muito brilhante sujeita à turbulência atmosférica. Quando a luz dela atravessa camadas irregulares de ar, a refração faz as cores oscilarem rapidamente. Para o olhar humano, parece um brilho pulsante, quase vivo.
Neste período do ano, olhando para o leste com leve inclinação ao sul, o céu revela três referências importantes. A primeira é Sirius, a estrela mais brilhante visível da Terra. Ela costuma surgir neste horário sobre o oceano e impressiona pela intensidade. Em várias culturas antigas, Sirius era sinal de renovação, alerta e reorganização da vida prática. Para o nosso tempo, ela aponta para um ciclo de retomada, decisões mais firmes e clareza sobre o que realmente importa.
Acima dela, é possível identificar o agrupamento de estrelas que compõe Orion, uma das constelações mais reconhecidas. Suas três estrelas alinhadas, chamadas popularmente de Três Marias, simbolizam foco, estratégia e direção. No simbolismo moderno, Orion costuma aparecer em momentos em que territórios precisam de orientação, planejamento e união. Para a região sul-capixaba, é um céu que reforça a necessidade de organização coletiva, fortalecimento de redes locais e proteção do que é essencial.
Mais à esquerda, dependendo das condições do clima, surge Plêiades, um pequeno agrupamento de estrelas que parece um punhado de luz reunido. Na tradição agrícola, Plêiades é associada a novos começos, preparo de solo e expectativas para o futuro. No contexto atual, ela lembra que as mudanças que desejamos para nossos municípios exigem construção paciente, conversas produtivas e disposição para iniciar processos que só mostram resultado adiante.
A presença conjunta desses três elementos — Sirius brilhando com força incomum, Orion claramente visível e Plêiades ao alcance do olhar — forma uma combinação interpretada por muitos como sinal de reorganização territorial. A mensagem geral deste céu é simples e direta: é hora de alinhar intenções, rever caminhos e reforçar aquilo que sustenta a vida comunitária.
No plano mais cultural e espiritual, o céu desta noite fala sobre lucidez. A estrela que cintila com variações de cor representa o contraste entre movimento e permanência. O fato de ela não se deslocar indica estabilidade. O fato de mudar de cor indica adaptação. Uma leitura possível é que, em tempos de transição social e econômica, o território precisa exatamente disso: firmeza sem rigidez, mudança sem perda de identidade.
Para quem gosta de horóscopo, este céu se traduz em uma orientação clara: observe, reorganize e decida com calma. O brilho forte aponta para escolhas importantes que se aproximam. Orion sugere estratégia. Plêiades convida ao recomeço. E Sirius lembra que a clareza chega para quem está disposto a encarar a própria verdade.
Sobre o oceano escuro, essas estrelas funcionam como aviso e também como promessa. É um céu que fala. E hoje, ele fala sobre reconstrução, equilíbrio e futuro.









