Tempos sombrios. Hoje li uma linda poesia, daquelas de emocionar. Fiquei perplexo quando soube que foi produzida por um programa de inteligência artificial. Basta pedir “uma poesia para meu filho” que o software resolve. Se bobear, ainda vai te perguntar: “poesia para rir ou para chorar”.
Onde viemos parar? Nosso ofício de jornalista também está em vias de extinção. Basta colocar as informações lá, mesmo em áudio, que o programa faz um texto que dá vontade de nunca mais contratar estagiário. Sem contar os releases que chegam em profusão às redações e são publicados sem filtro.
Pouco restou aos veículos, que, para se salvarem, usam a matéria-prima reciclada das redes sociais. A nova imprensa já envelheceu e vive de pegar carona no Instagram e no Facebook para preencher seus conteúdos, mesmo sabendo que correm atrás do próprio rabo, já cheirado e lambido pelo seu ilustre ‘usuário’. Sim, o leitor ganhou esta triste alcunha.
Afinal, acidentes automobilísticos, crimes, brigas de botequim e tantas outras bizarrices já publicadas nas redes estão “enfeitando” as páginas dos portais e mesmo das TVs abertas, que também estão correndo atrás do dito-cujo, em horário nobre.
Nesse caso, ainda pior, porque a TV está chegando na “notícia” depois do próprio público espectador e dos sites, nessa ordem. Ligo a televisão e lá está aquele acidente que já vimos no Instagram, chegou ao nosso zap e todos os sites já publicaram. Uma lástima ter que assistir aquele museu de velhas novidades. Nem Cazuza na causa!
Digo isso com muita tristeza e autocrítica, porque este problema não é exclusivo de A ou B. Todos estão assim, os grandes, os medianos e os pequenos. Esta reflexão precisa ser feita, inclusive, pelo respeitável público. Talvez o papel da imprensa noticiosa precise se deslocar para uma posição mais reflexiva e menos factual. O futuro sempre está em curso.
Sei lá, fim de ano dá uma dor de corno danada. A gente olha pra trás e procura ver o que ficou e, quando fica pouco, tem alguma coisa errada. É isso!
Até!