*por Eduardo Rodrigues
A vida é marcada por diversas crises e inúmeros desafios. É durante essas dificuldades que somos surpreendidos por um senso de estagnação, sem entender por que não progredimos. Atenção! Este pode ser um forte indício de autossabotagem. A tendência é pensar: “Mas, autossabotagem? Quem faria uma loucura dessas?”, “como uma pessoa pode trabalhar contra ela mesma?”.
A autossabotagem acontece na tentativa de se autopreservar. Uma pessoa não se sabota com a intenção de se prejudicar, mas para escapar de situações e sentimentos desconfortáveis gerados nas situações da vida e trabalho. Ao invés de buscar expansão enfrentando a dor e os medos do crescimento, passa a se proteger da possível crítica, rejeição, perda, falta de reconhecimento, ou do medo de perder valor aos olhos do outro.
Mas afinal, como vencer a autossabotagem? Existem algumas habilidades que podem auxiliar nessa luta contra a estagnação. A primeira delas é conscientizar-se do personagem adotado para se autopreservar. Cada um de nós lida com o desafio de estar à altura, de se sentir capaz, de atender às expectativas e se sentir aceito, e é nesse momento que o medo atua levando as pessoas a criarem personagens com comportamentos contraproducentes. Alguns acionam o ego brigão, outros se escondem em uma caverna e tem aqueles que se promovem de maneira exagerada.
Todos esses personagens disfuncionais são gerados por medo; mas ao invés de fingir que o medo não existe, reconheça-o e ele ficará menor. Quando você dá nome ao seu “gigante pessoal”, que está atuando em seu trabalho, relações, finanças, projeto ou equipe, ele perde força e deixa de intervir na sua verdadeira identidade, performance e potencial.
A segunda habilidade é reconhecer os próprios pontos fortes. Se de um lado o medo paralisa, vire a moeda e perceba a força desenvolvida para se defender dele. Isso é uma janela de oportunidade. Todas as vezes que pergunto às pessoas seus pontos fortes, elas entram em hesitação. É muito importante dar nome também a essas qualidades, pois elas irão atacar os gigantes gerados pela autopreservação.
O terceiro ponto de habilidade é ter cuidado com as narrativas que conta a si mesmo. Na intenção de se provar para os outros, a tendência é criar uma mentira sobre si e se esconder, buscando uma muleta para o seu valor pessoal. Estas narrativas podem sufocar seu potencial, pois fazem acreditar que nenhum esforço deve ser feito, que não vale a pena investir em si mesmo. Faça a seguinte indagação: esta ideia que alimento é um fato ou apenas uma interpretação do fato? Jogue fora as narrativas que não o fazem avançar!
William Shakespeare certa vez disse que “nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que muitas vezes poderíamos ganhar, pelo simples medo de arriscar”. Nos sabotamos para evitar a dor do crescimento, temos medo de arriscar. Mas nem só de clareza vive o homem, é preciso de coragem e impulso, por isso cito Campbell: “a caverna que você teme entrar detém o tesouro que você procura.”
Seguindo estes passos práticos será possível driblar a autossabotagem. Então, dê nome ao gigante que o mantém no modo autopreservação, liste as suas forças para entrar na caverna que tanto evita e tome posse do tesouro que procura.
*Eduardo Rodrigues é especialista em educação, capacitado em Desenvolvimento de Pessoas pela metodologia coaching nos institutos da ELC de Londres, ZOVAC Consulting Califórnia e Fuller Seminary em Pasadena, EUA. Autor do livro Chega de andar em círculos, tem 22 anos de experiência e conduziu treinamentos em mais de cinco países; foi responsável pelo crescimento de duas organizações e é coordenador de projetos na América Latina na Communitas International.