*por Honório Petersen Hungria Junior
A saúde emocional de crianças e adolescentes tem ganhado mais destaque em meio aos crescentes desafios que a sociedade ultra conectada apresenta. Diante de inúmeros diagnósticos de ansiedade e depressão, ter habilidade e resiliência para lidar com pressões do cotidiano e enfrentar condições adversas, sejam elas físicas ou psicológicas, indica equilíbrio emocional.
Praticar esportes é uma maneira eficiente de desenvolver e fortalecer a saúde emocional, permitindo que a criança ou jovem tenha mais ferramentas para lidar com situações adversas.
A ciência reforça esse argumento com diversas pesquisas já realizadas. Um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Ohio, divulgado em junho de 2024, revelou que adultos que praticaram esportes durante a juventude apresentam menos sintomas de ansiedade e depressão do que os sedentários.
É claro que, independentemente do esporte escolhido, é essencial que se tenha um professor ou professora capacitados e acolhedores, que saibam conduzir a prática e que fortaleçam as experiências vividas de maneira positiva. Um local com horários disponíveis, que seja organizado com regras e que ofereça boas condições de aprendizagem.
Sabemos que o movimento corporal que o esporte proporciona contribui para o crescimento saudável da criança. O jovem atleta cresce e se desenvolve de forma plena. Seus músculos, ossos, coração e pulmão são estimulados durante o exercício e depois se adaptam e se fortalecem. Esse desenvolvimento físico também apoia e regula hormônios importantes para o crescimento e bem-estar de quem pratica esportes e atividades físicas.
Crescer de forma saudável é, sem dúvida, o desejo de todos os pais e mães, e o esporte é um dos melhores aliados nesse processo. Mas, além do campo físico, é no aspecto emocional que o esporte se destaca e se mostra poderoso.
Ao lidar com a rotina dos treinos, a criança aprende a se organizar com os horários, gerenciar o tempo e enfrentar as dificuldades naturais do processo de aprendizagem. Aprender novos movimentos, novos níveis de dificuldade e intensidade é algo intrínseco ao esporte, mas exige adaptação e resiliência.
Para encarar tudo isso é preciso esforço e comprometimento. O apoio dos pais é igualmente essencial. Incentivar e apoiar seus filhos nessa jornada é garantir que eles compreendam que o esforço e as dificuldades fazem parte do crescimento, e que os resultados – sejam eles medalhas ou não – valem a pena. São esforços que merecem ser vividos, pelos importantes e permanentes resultados. As recompensas são o desenvolvimento integral, com um crescimento saudável e um maior controle emocional.
Quando chega o momento da primeira competição, o jovem irá viver uma experiência cheia de ansiedade, de “frio na barriga”, de incertezas, porém uma vez bem orientado e com o apoio dos pais e do professor este desafio é superado. Longe de serem negativos, esses sentimentos são oportunidades valiosas de aprendizado e crescimento. O que vale é pensar: “fui, competi, fiquei em 5º lugar, em primeiro, em último, não importa, mas participei e estou aqui, venci o desafio. Que venham outros, gostei e quero mais”.
A vida, afinal, é repleta de enfrentamentos, em todos os sentidos. Desde que nascemos somos desafiados a sobreviver e a viver em sociedade. Nesse sentido, a prática esportiva é uma excelente forma de nos prepararmos para os desafios que nos cercam diariamente, muito além das quadras, pistas ou piscinas. Um jovem atleta adquire naturalmente, desde cedo, ferramentas emocionais que muitos buscam ao longo de toda vida, graças aos esportes, que lapidam o senso de resiliência, força e perseverança física e emocional que é e será cada vez mais necessária em nossa sociedade.
*Honório Petersen Hungria Junior, Coordenador do Núcleo de Atividades Complementares do CMSM e professor de Educação Física