domingo, 30 novembro, 2025
Portal de Notícias 24 Horas
No Result
View All Result
  • INÍCIO
  • CIDADES
  • GRANDE VITÓRIA
  • LADO B DA NOTÍCIA
  • EMPREGO
  • EDITORIAS
    • OPINIÃO
    • COLUNISTAS
      • COLUNISTA ARLINDO PINHEIRO
      • COLUNISTA BASÍLIO MACHADO
      • COLUNISTA CLAUDIA SABADINI
      • COLUNISTA DOM LUIZ FERNANDO LISBOA
      • COLUNISTA GILSON FERNANDES
      • COLUNISTA GUILHERME COELHO
      • COLUNISTA GUILHERME NASCIMENTO
      • COLUNISTA JOSÉ GERALDO
      • COLUNISTA MARCELO MELO
      • COLUNISTA MARCO AURÉLIO
      • COLUNISTA PADRE JOSÉ CARLOS
      • COLUNISTA RICARDO MIGNONE
      • COLUNISTA SOLIMAR SECCHIN
      • COLUNISTA WAGNER MEDEIROS
    • POLÍCIA
    • POLÍTICA
    • SAÚDE
    • CULTURA
    • ESPECIAL
    • ESPORTE
    • POD.DOUTOR
    • RELIGIÃO
    • INSTITUCIONAL
    • VEÍCULOS
    • EDUCAÇÃO
    • ECONOMIA
    • AGRICULTURA
    • ESPÍRITO SANTO
    • BRASIL e MUNDO
    • ROCHAS ORNAMENTAIS
  • EDIÇÃO DIGITAL
  • PUBLICIDADE LEGAL
  • INÍCIO
  • CIDADES
  • GRANDE VITÓRIA
  • LADO B DA NOTÍCIA
  • EMPREGO
  • EDITORIAS
    • OPINIÃO
    • COLUNISTAS
      • COLUNISTA ARLINDO PINHEIRO
      • COLUNISTA BASÍLIO MACHADO
      • COLUNISTA CLAUDIA SABADINI
      • COLUNISTA DOM LUIZ FERNANDO LISBOA
      • COLUNISTA GILSON FERNANDES
      • COLUNISTA GUILHERME COELHO
      • COLUNISTA GUILHERME NASCIMENTO
      • COLUNISTA JOSÉ GERALDO
      • COLUNISTA MARCELO MELO
      • COLUNISTA MARCO AURÉLIO
      • COLUNISTA PADRE JOSÉ CARLOS
      • COLUNISTA RICARDO MIGNONE
      • COLUNISTA SOLIMAR SECCHIN
      • COLUNISTA WAGNER MEDEIROS
    • POLÍCIA
    • POLÍTICA
    • SAÚDE
    • CULTURA
    • ESPECIAL
    • ESPORTE
    • POD.DOUTOR
    • RELIGIÃO
    • INSTITUCIONAL
    • VEÍCULOS
    • EDUCAÇÃO
    • ECONOMIA
    • AGRICULTURA
    • ESPÍRITO SANTO
    • BRASIL e MUNDO
    • ROCHAS ORNAMENTAIS
  • EDIÇÃO DIGITAL
  • PUBLICIDADE LEGAL
No Result
View All Result
No Result
View All Result

Artigo • Sentir a cidade: um mapa feito de cheiros, memórias e encontros

Redacao by Redacao
22 de setembro de 2025
Artigo • Sentir a cidade: um mapa feito de cheiros, memórias e encontros

Ilustrativa / redes sociais

C O M P A R T I L H E

Por Guilherme Nascimento

Talvez a cidade seja, antes de tudo, um organismo vivo que atravessa o nosso corpo. Não apenas ruas, pontes, praças e endereços — mas uma tessitura de cheiros, sons, texturas e lembranças que se entranham na pele e acendem lugares dentro de nós. Em Vila Velha, por exemplo, o nariz percebe antes do GPS: o perfume de chocolate que se espalha pelo ar denuncia os bairros do entorno e cria um farol olfativo que guia, mesmo de olhos fechados. Em Cariacica, é o torra-torra do café que nos chama para a Grande Vitória, como se cada grão tostado anunciasse que chegamos. Em casa, na costa sul, há um momento em que o sal beija o vento e a marisia abre a porta da memória: o Porto da Barra, o cheiro de pescado, as vozes que caminham com a maré.

A paisagem — essa palavra que muitas vezes tratamos como quadro — é, na prática, uma conversa entre o que vemos e o que sentimos. As montanhas do Espírito Santo não são apenas relevos; são bússolas afetivas. Quando o Monte Aghá surge no horizonte, ele não apenas orienta a direção: devolve um pertencimento. E, vigentes no nosso cotidiano sul-capixaba, as montanhas do Frade e a Freira — monumento natural talhado por geologia e mito — guardam a estrada e a memória, como sentinelas de pedra que nos lembram de onde viemos e para onde voltamos. O Pico do Itabira, altivo, opera como um botão secreto que aciona a infância em Cachoeiro; de repente, não é a montanha que se move, é o tempo que volta para brincar com a gente. E a Pedra do Lagarto — escultura de geologia e imaginação — lembra que nas montanhas capixabas as rochas têm rosto, as encostas têm voz e a floresta de pedra também floresce.

Mas a cidade não é só o que o olho alcança. Há uma cartografia tátil sob os pneus: atravessar uma divisa municipal é, às vezes, uma mudança sutil na textura do asfalto, um costurado diferente, uma vibração no volante que diz “agora você está em outro lugar”. A pele, o ouvido, o paladar — tudo participa da leitura urbana. Um caldo de cana numa feira, o chiado de um ônibus freando na avenida, o pregão do vendedor de picolé, a brisa que vira vento e faz a bandeira bater. O corpo é ourives de detalhes; a cidade, um mosaico de microacontecimentos.

Se Italo Calvino nos presenteou com As cidades invisíveis, talvez a nossa tarefa seja revelar as cidades sensíveis: aquelas que não cabem no mapa de papel, mas se gravam no mapa do corpo. Jane Jacobs lembrava que as calçadas são culturas; é ali que as vidas se cruzam, onde o “olhar da rua” garante cuidado e sociabilidade. Milton Santos nos ensinou que o espaço é também uma máquina social — operador de desigualdade e de encontro. Yi-Fu Tuan nomeou de topofilia essa ligação afetiva com o lugar: o amor por um pedaço de mundo que nos firma os pés e nos ergue o peito. Michel de Certeau, andando pelos quarteirões, dizia que cada passo fabrica frases urbanas; caminhar é escrever a cidade com os pés. E, quando a cidade cansa, Gaston Bachelard cochicha: há sempre um canto, uma concha, uma casa dentro da casa para reabitar o ser.

  •  

No Espírito Santo, a geografia é professora: mar e montanha conspiram para que o cotidiano seja sempre levemente épico. O urbano se mistura ao rural, a roça abraça o porto, o vento vira personagem, a maré interfere nos horários, o relevo desenha vizinhanças. É nessa fricção que a cidade revela sua potência: não como vitrine higienizada, mas como tecido vivo, onde diferenças se encontram — e se estranham, e se aprendem. As ruas guardam histórias: o boteco que virou referência de música, a praça que foi palco de roda de conversa, o campinho que ensina mais democracia do que muitos gabinetes. João do Rio falava da alma encantadora das ruas; por aqui, as ruas encantam e, às vezes, se revoltam. É bom que seja assim: cidades demasiado silenciosas tendem a adormecer a cidadania.

Sentir a cidade é também reconhecer seus segredos de classe, cor e gênero. Quem pode ocupar o centro? Quem é parado nas esquinas? Quem entrega, quem é servido, quem é visto, quem é invisível? A sensorialidade urbana não é neutra: há cheiros que incomodam alguns e acolhem outros; há sons que viram “ruído” quando vêm da periferia e “evento” quando passam pelo filtro do centro. O mesmo grafite é arte num bairro e “pichação” noutro. O mesmo funk é cultura comunitária em uma quadra e “barulho” na reunião do condomínio. Sentir é também politizar o sentir: perguntar pelo direito à cidade, à moradia, ao transporte, à cultura, à sombra de uma árvore numa tarde de verão.

O futuro urbano não se constrói apenas com concreto, mas com amarração de laços. Entre montanhas, baías e ventos, o que nos mantém no caminho é o que construímos uns com os outros: vizinhanças solidárias, festas de rua, bibliotecas vivas, saraus que improvisam pontes, memórias que se tornam políticas públicas. Marc Augé falou de não-lugares — aeroportos, shoppings, vias expressas —, mas nós podemos reencantar os “não-lugares” com microatos: uma feira no estacionamento, um slam sob o viaduto, um coral que ocupa uma estação, um mural que conta a história que o manual escolar não contou. Onde há gente, há lugar em construção.

E como afinar esse sentir? Com pequenos rituais urbanos: caminhar sem pressa e sem fone uma vez por semana; mapear cheiros do bairro como quem coleciona timbres; aprender três árvores pelo nome; observar o desenho das sombras à tarde; reconhecer as texturas do chão (paralelepípedo, asfalto, cimento); perguntar ao feirante uma receita e ao motorista um caminho alternativo; sentar no banco de praça e anotar fragmentos de conversas que não têm dono. São exercícios simples que devolvem autoria ao morador — e autoria é a antessala do pertencimento.

Sentir a cidade, porém, não é apenas descrevê-la: é também desejá-la melhor. O olfato que nos guia ao chocolate precisa conviver com o ar limpo; a música que vibra na laje precisa de política de redução de danos e convivência; o asfalto que muda de textura não pode mudar de cuidado. Planejamento não é antônimo de afeto — ele é o seu prolongamento público. Urbanismo com alma é aquele que desenha ciclovias para as crianças, ilumina o trajeto das mulheres, cultiva sombra para os idosos, protege o comerciante local, garante calçada contínua para pessoas com deficiência, preserva o que é histórico sem museificar o que é vivo.

No fim, a cidade que procuramos está, muitas vezes, procurando a gente. Ela nos reconhece quando a reconhecemos. Ela se oferece quando nos oferecemos. Ela se torna nossa quando nos tornamos dela. Por isso, viver o território é mais que morar: é traduzir o mundo para o nosso quarteirão e traduzir o nosso quarteirão para o mundo. É fazer da esquina uma sala de aula, da escola um terreiro de cultura, do festival uma política de continuidade. É transformar cada encontro num investimento afetivo — e cada afeto em ação coletiva.

Eu volto então ao começo, ao corpo que lê o vento: de olhos fechados, sei quando chego. Porque sentir a cidade é escrever com o nariz, com a pele, com o ouvido, com a língua, com o coração. É caminhar atento, celebrar o que pulsa, disputar o que é direito, reparar o que foi ferido, partilhar o que é belo. É fazer amigos, rever histórias, abrir caminhos. É viver — e convidar a cidade a viver junto.

Viva o seu mundo. Viva a sua rua. Viva a sua cidade.

Tags: ARTIGOCIDADESCIDADES CAPIXABASGUILHERME NASCIMENTOITAÚNASOPINIÃO

Confira também • 24 horas

Poesia • Relíquia
COLUNISTA GUILHERME NASCIMENTO

Poesia • Relíquia

26 de novembro de 2025
Artigo • O que o céu revela hoje sobre a Costa Sul Capixaba
COLUNISTA GUILHERME NASCIMENTO

Artigo • O que o céu revela hoje sobre a Costa Sul Capixaba

15 de novembro de 2025
Artigo • Estamos sozinhos no universo?
COLUNISTA GUILHERME NASCIMENTO

Artigo • Estamos sozinhos no universo?

10 de novembro de 2025
  • Termos e Condições de Uso
  • Privacidade
  • FALE CONOSCO

© 2014 - 2025 |  PORTAL DE NOTÍCIAS 24 HORAS

No Result
View All Result
  • INÍCIO
  • CIDADES
  • GRANDE VITÓRIA
  • LADO B DA NOTÍCIA
  • EMPREGO
  • EDITORIAS
    • OPINIÃO
    • COLUNISTAS
      • COLUNISTA ARLINDO PINHEIRO
      • COLUNISTA BASÍLIO MACHADO
      • COLUNISTA CLAUDIA SABADINI
      • COLUNISTA DOM LUIZ FERNANDO LISBOA
      • COLUNISTA GILSON FERNANDES
      • COLUNISTA GUILHERME COELHO
      • COLUNISTA GUILHERME NASCIMENTO
      • COLUNISTA JOSÉ GERALDO
      • COLUNISTA MARCELO MELO
      • COLUNISTA MARCO AURÉLIO
      • COLUNISTA PADRE JOSÉ CARLOS
      • COLUNISTA RICARDO MIGNONE
      • COLUNISTA SOLIMAR SECCHIN
      • COLUNISTA WAGNER MEDEIROS
    • POLÍCIA
    • POLÍTICA
    • SAÚDE
    • CULTURA
    • ESPECIAL
    • ESPORTE
    • POD.DOUTOR
    • RELIGIÃO
    • INSTITUCIONAL
    • VEÍCULOS
    • EDUCAÇÃO
    • ECONOMIA
    • AGRICULTURA
    • ESPÍRITO SANTO
    • BRASIL e MUNDO
    • ROCHAS ORNAMENTAIS
  • EDIÇÃO DIGITAL
  • PUBLICIDADE LEGAL

© 2014 - 2025 |  PORTAL DE NOTÍCIAS 24 HORAS

PN24horas
x