Por Guilherme Nascimento
No coração pulsante da comunidade da Buraca, em Santa Rita – Marataízes, mora mais do que gente. Mora história, mora afeto, mora resistência. Mora sabor.
Hoje, quem me serve tudo isso — no prato e na alma — é Eliane Silva, mulher preta, periférica, esposa da artista Sara Simões de Almeida Dias, nossa parceira, nossa cria, nossa força viva aqui na Casa Roxa Cultural.
Eliane tem mãos que cozinham como quem abraça. E, olha… se abraço alimentasse, essa feijoada seria patrimônio afetivo do nosso território. Porque aqui não é só comida. É cuidado. É memória. É aquele tempero que vem da vivência, do quintal, do cheiro bom subindo da panela, da couve cortada na ponta da faca, bem fininha, verdinha, temperada com carinho e precisão.
O pote é generoso. Transborda sabor e significado. Vem arroz branco soltinho, que faz cama pra todos os outros sabores dançarem. Vem uma feijoada potente, encorpada, cheia de sustança, com pedaços que contam história — carne, linguiça, amor, tempo, paciência e ancestralidade. Vem um potinho de torresmo crocante no ponto certo, couve fresquinha, uma farofinha que, sinceramente, faz a gente fechar os olhos e agradecer pela bênção que é estar vivo. Tem banana cozida no ponto, macia, e fatias de laranja, cortadas com cuidado, pra equilibrar os sabores e acalmar a alma.
É mais que comida. É território. É economia afetiva. É resistência na quebrada. É empreendedorismo que nasce da coragem, do talento e da sabedoria de quem sabe que nossas mãos constroem muito mais do que sobrevivência: constroem dignidade, constroem futuro, constroem pertencimento.
Eliane é uma mulher que não foge da luta. Ela não está só vendendo comida. Ela está oferecendo dignidade. Ela está girando a roda da economia local. Ela está provando que, quando uma mulher preta, periférica e LGBT empreende, ela não empreende só pra si. Ela movimenta o território, fortalece a quebrada, inspira outras mulheres, outros corpos, outras histórias.
Ao lado de Sara, sua companheira — artista, musicista, militante, cria da Casa Roxa —, elas seguem firmes, fazendo da vida uma construção de amor, afeto, resistência e transformação.
Que essa feijoada chegue aos quatro cantos. Que ela seja entendida como o que realmente é: um ato de amor, de resistência e de construção de futuro. Que a gente aprenda, cada vez mais, que consumir da nossa quebrada é investir na nossa própria existência, na nossa alegria, no nosso direito de viver bem.
Se você é daqui, fortalece quem é daqui. Vem buscar, prova, sente, compartilha. Porque a revolução também se faz no prato, no pote, na mesa, na conversa, no olhar, no afeto e no dinheiro que gira dentro da comunidade.
Feijoada no Pote – Eliane Silva
Valor: R$ 75,00
Serve: De 2 a 3 pessoas
Formas de pagamento: Pix e dinheiro
Onde: Comunidade da Buraca – Santa Rita – Marataízes/ES
Quando: Principalmente aos domingos, das 18h às 23h
Delivery: Ainda não. É no boca a boca, no olho no olho, no calor da comunidade, no corre da quebrada.
Contatos:
Eliane Silva: (28) 99920-0678
Sara Dias: (28) 99882-6493









