Depois de sair do bico do urubu com as vísceras remendadas, decidi adiar as crônicas políticas para depois do carnaval, mas a horda não deixa. Os fatos vão se sobrepondo, dando um nó na cabeça do nosso taciturno eleitor, que anda tentando entender o imbróglio eleitoral que assanha a capital secreta.
Foi-se o tempo em que sabíamos perfeitamente quem era aliado de quem, quem seria candidato e quem pagaria ou deixaria a conta no prego. Em Cachoeiro, certo mesmo é a máxima de que em política não tem lugar pra amador.
Vamos lá. O vereador Juninho Corrêa (PL) – ou da Cofril, se melhor lhe aprouver – rasgou a fronha do travesseiro. Sua insatisfação com o comando estadual do PL, leia-se senador Magno Malta, fez com que jogasse no ventilador os percalços pelos quais vem passando.
Os prematuros arranjos políticos para 2026 estão tornando difícil o que parecia fácil para o jovem vereador. E o pior é que seus problemas começam por obra das conhecidas raposas felpudas que vão adornando com a velha roupagem um político que prometia trazer algum respiro para a direita local.
Uma pena. O que presenciamos, na verdade, é um museu de grandes novidades, com a devida vênia do Cazuza. Mas vamos aos embaraços.
A aproximação de Theodorico Ferraço (PP) ao staff do Juninho já havia acendido a fogueira das vaidades no PL. Com a chegada no grupo do MDB, o caldo entornou de vez. A impressão é de que Magno Malta sentiu cheiro de chifre queimado nessa composição, que aproxima o vice-governador Ricardo Ferraço (MDB) do ninho da direita cachoeirense mais renhida.
Além do interesse de Ricardo em suceder Renato Casagrande, ainda tem o Partido Progressista (PP) do deputado Evair de Melo, que nutre a mesma intenção desde sempre. Numa hipotética vitória de Juninho, como ele se comportaria em 2026? Resultado: Magno passou o cadeado na porta.
Com isso, coisas que deveriam ser resolvidas com diálogo, que é a própria essência da política, saíram de controle e provocaram a primeira crise na pré-campanha do vereador. E pode custar caro. Não bastasse, tirou dele a fleuma de alguém que poderia trazer na bagagem o discurso de uma direita renovadora. Por certo, não é o que vemos.
Este movimento atabalhoado que cerca o vereador também afasta importantes lideranças do setor produtivo local. Tanto é verdade, que ainda tem muito empresário com o freio de mão puxado em relação às próximas eleições. Não vimos, por exemplo, uma fotografia recente de Juninho recebendo o apoio formal de figuras representativas do setor de rochas, que tem peso e grande capacidade de mobilização na cidade.
A turma é pragmática. Não entra em canoa se desconfiar que tem furo no casco.
Até!