Tenho lido com frequência os textos do cronista Arlindo Pinheiro Neto neste Portal de Notícias 24 Horas. Já virei fã. Essas leituras me encorajaram a também meter a colher de angu nesse caldo saboroso da juventude.
Nada melhor que recordarmos os maravilhosos momentos da felicidade que vivemos. Liberada por nossa irreverência e comedida irresponsabilidade, nos permitíamos desfrutar das mais deliciosas sensações de poder ao desafiarmos as regras e as rotinas.
Lembro de uma vez que sai com o carro de meu avô e me deparei com uma amiga da escola. Fugimos para a estrada do Itabira e lá ficamos num caloroso “picnic”, na macia relva daqueles morros, quando subitamente notamos o pôr do sol, o que nos remeteu ao horário do sinal de saída da escola.
Desesperados perdemos toda a irreverência daquela aventura e daquele desafio ao coordenador da escola que se transformou em pavor e desespero, que se agravou quando procurei a chaves do carro.
– Onde estão, perguntei e ela?
– Onde estão o quê ???
– As chaves que te dei !!! – Não peguei.
Foi o bastante. Olhei para aquela cama de folhas secas e me desesperei. Imediatamente, sem causar alarde, fiz de meus dedos um rastelo e capinei aquele matagal até sangrar as pontas, enquanto ela gritava:
– Meu pai vai nos matar, meu pai vais nos mataaar!!
Aquilo me levou a tomar uma atitude derradeira:
– Vou te largar aqui e pôr a culpa no seu namorado, se você continuar a gritar!!
Foi só assim que consegui fazê-la se calar e me ajudar a procurar as chaves, até que finalmente meus dedos se agarraram a um tilintar de metal e caí numa compulsiva gargalhada, enquanto ela me xingava até a quinta geração.