A Câmara de Vereadores de Mimoso do Sul realizou, nesta quinta-feira (23), uma Audiência Pública para discutir o fechamento da Maternidade do Hospital Apóstolo Pedro de Mimoso do Sul. A audiência é foi presidida pelo vice-prefeito Paulo Renato Barros e contou com expressiva presença da população local, de profissionais da área da saúde, do deputado Bruno Resende (União Brasil), do prefeito Peter Nogueira da Costa e membros da sociedade civil organizada.
Abrindo os debates, o médico ginecologista Dr. Nilmar Faber, representando os Vicentinos, disse que a população está ansiosa porque teria lhe sido tirada um bem precioso. Ele enfatizou que não se busca somente explicação, mas solução para o resgate da maternidade que existe há 70 anos. “Precisamos trabalhar em conjunto para oferecer força política e trabalhar junto ao Estado e questionar quais a providencias serão tomadas. Não podemos ficar quietos em favor de quem precisa”, destaca.
Bruna Celis Marim Lovatte, técnica da Rede de Agência Materna e Infantil – Região Sul, comentou sobre a Rede de Atenção Materno Infantil e destacou sobre a regionalização como forma de prestar uma boa assistência em todos os parâmetros exigidos pela Lei. Ela lembrou ainda alguns requisitos, como o fato de nenhuma maternidade poder estar a mais de 100 km da população, contendo médico obstetra de plantão 24 horas por dia nos sete dias por semana, mais três médicos e uma enfermeira.
Segundo ela, desde 2013, quando foi criada a Política de Assistência Materno Infantil, ocorreu uma pactuação regional e Mimoso foi contemplado para o Hospital de Cachoeiro de Itapemirim no Hospital Infantil.
“Destaco que Mimoso possui assistência de pré-natal para risco habitual e profissionais especialistas para gestantes de alto risco e assim o Hospital de Mimoso continua sendo Pronto Socorro. Os atendimentos de urgência podem chegar ao Hospital que será acionado o SAMU para realizar o deslocamento da gestante, afinal isso também acontece em outros municípios do entorno”, disse.
Segundo o deputado estadual Dr. Bruno Resende (União), essa não é a primeira maternidade e ser fechada. Fazendo um cálculo matemático, ele explicou que só para médicos e toda equipe de plantonistas necessários para manter uma maternidade em funcionamento 24 horas, o investimento gira em torno de R$ 300 mil por mês, já que Mimoso realiza uma média de 16 partos mensais.
“Seria muito fácil chegarmos aqui e dizer que teremos o retorno da Maternidade em Mimoso, mas, como viabilizar? Por isso, se faz necessário uma união de forças políticas e buscar recursos. Estou do lado de Mimoso e vamos lutar por nossa maternidade”, explica.
Dra. Inês Thomé Poldi Taddei, promotora de justiça e dirigente do Centro de Apoio Operacional e Implementação das Políticas de Saúde, utilizou a sua fala para destacar que a Rede Cegonha está operando desde 2011 e toda pactuação é vigente. Mimoso pactuou desde 2013 juntamente com outros municípios no Hospital Infantil de Cachoeiro, tanto o risco habitual, quanto a de alto risco que absorveu toda a demanda necessária nesta Maternidade que é referência no SUS. “Mimoso não possui condições de sustentar a maternidade sem que o Estado integre a rede com subsídios financeiros”, finaliza a Promotora.
O prefeito de Mimoso do Sul, Peter Nogueira da Costa, comentou que não é de interesse do município o fechamento da maternidade. “Repassamos uma média R$ 40 mil para a maternidade do Hospital que já se comprovou que não é o suficiente. Temos que focar também no Pronto Socorro com qualidade no atendimento e diminuindo as filas de esperas. Todos os dias gostaríamos de levar boas notícias à população, mas nem sempre é possível, o que se comprova pelas sete enchentes que Mimoso já sofreu. Se nossa gestão agisse de forma irresponsável, nós retiraríamos todo o recurso da Saúde investido na atenção primária e enviava R$ 440 mil sabendo que seríamos irresponsáveis”, completa.
Ao final, o prefeito enfatiza que iráq se reunir com o governador Renato Casagrande, juntamente com o deputado Dr. Bruno Resende e demais forças políticas para tratar sobre essa pauta.