Durante o Outubro Rosa, mês de conscientização sobre o câncer de mama, uma dúvida ainda pouco discutida ganha relevância: é possível amamentar após o tratamento da doença? A resposta, segundo especialistas, é sim — em muitos casos, a amamentação é segura e pode, inclusive, trazer benefícios adicionais à saúde da mulher.
De acordo com a oncologista Alyssa Miranda, da São Bernardo Samp, a amamentação não aumenta o risco de recidiva do câncer. “Pelo contrário, há estudos mostrando que o aleitamento pode exercer um efeito protetor a longo prazo, reduzindo as chances de desenvolvimento de novos tumores”, afirma a médica.
A capacidade de amamentar após o câncer depende do tipo de tratamento realizado. Mulheres que passaram por mastectomia não produzem leite na mama retirada. Já nas cirurgias conservadoras, a produção pode ser parcial, uma vez que parte da glândula mamária é removida. A radioterapia também pode comprometer a função da mama tratada.
Mesmo com essas limitações, a amamentação ainda é possível em muitos casos. “A produção de leite ocorre de forma independente em cada mama. Mulheres que mantêm uma das mamas preservadas frequentemente conseguem amamentar exclusivamente por ela, desde que recebam orientação adequada”, explica Alyssa.
O uso de medicamentos também exige atenção. Por isso, é essencial que cada paciente converse com seu médico antes de planejar uma gestação ou retomar o aleitamento.
Gravidez após o tratamento
Os especialistas recomendam aguardar pelo menos dois anos após o fim do tratamento antes de engravidar, período em que há maior risco de recidiva. No caso de mulheres em hormonioterapia, o ideal é concluir todo o ciclo medicamentoso, que pode durar de cinco a dez anos.
“Entretanto, pesquisas recentes apontam que é possível pausar temporariamente a hormonioterapia após 18 a 24 meses, realizar a gestação e depois retomá-la com segurança”, ressalta a oncologista.
Amamentar também protege
Além de seu papel fundamental no desenvolvimento do bebê, a amamentação é reconhecida como um fator de proteção contra o câncer de mama. Estudos indicam que a cada 12 meses de amamentação cumulativa ao longo da vida, o risco de desenvolver a doença pode cair até 7%. O efeito é ainda mais expressivo entre mulheres que amamentam por períodos prolongados ou mais de um filho.
“Durante o aleitamento, os níveis de estrogênio caem por causa da supressão da ovulação. Como a exposição prolongada a esse hormônio está associada ao aumento do risco de câncer de mama, a amamentação ajuda a reduzir esse impacto hormonal”, explica Alyssa Miranda.
“Amamentar é um gesto de nutrição e vínculo, mas também um importante cuidado preventivo com a saúde da mulher”, conclui.



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