Com 42 projetos realizados e uma atuação plural e estratégica, a Casa Roxa é hoje referência na produção cultural de base comunitária, conquistando reconhecimento institucional e premiações nacionais
A Casa Roxa Cultural, com sede em Marataízes (ES), vem se afirmando como uma potência da produção cultural comunitária no Brasil. Com um portfólio robusto de 42 projetos já realizados — muitos deles com múltiplas edições — a instituição foi recentemente reconhecida como Ponto de Cultura do Brasil, além de integrar oficialmente a Rede de Espaços Culturais do Estado do Espírito Santo.
Esse duplo reconhecimento coroa uma trajetória construída com escuta ativa, compromisso social, criatividade coletiva e excelência técnica. A Casa Roxa também recebeu importantes prêmios ao longo de sua caminhada, como o Prêmio DiversidadES (Secretaria de Direitos Humanos do ES), o Prêmio Cultura Viva Sérgio Mamberti, o Prêmio Construção dos 50 Anos do Hip-Hop no Brasil e a Comenda Raul Sampaio, concedida pela Academia Marataizense de Artes e Letras.
Mas o que faz da Casa Roxa uma referência não é apenas a quantidade de projetos, e sim a profundidade com que cada um deles é concebido e executado. Trata-se de uma metodologia própria, construída a partir da educação popular, do protagonismo comunitário e da valorização das identidades historicamente marginalizadas. A Casa não entrega produtos prontos: ela desenvolve processos. Escuta antes de propor. Co-cria com os territórios. Promove encontros que geram transformação real.
Diversidade com coerência
Os 42 projetos realizados revelam uma impressionante diversidade de linguagens, públicos e temáticas. A Casa atua com literatura, dança, teatro, audiovisual, artes visuais, comunicação comunitária, cultura urbana, cultura popular, formação política, espiritualidade afro-indígena, infância e juventude.
Entre os projetos com maior repercussão estão o Festival Cultura Urbana 028, o Festival Zacimba Gaba, a Semana +Visibilidade +Orgulho, o espetáculo Yzis em Pindorama (em formatos teatral, audiovisual e literário), as exposições Panteão Ancestral, Tekoa e Raízes, e as publicações como Amadé Ayé, Curumim Yby e Entre Pix e Promessas. Cada uma dessas iniciativas carrega identidade, memória, pedagogia e beleza — uma combinação que se tornou marca registrada da instituição.
Além disso, há projetos que fortalecem a juventude periférica com foco em formação e emancipação, como Conexão Jovem, Plano de Carreira Opulence Ini, MarataRap Formativo, Olhares Periféricos, DJ Dy Balla, Noite Formativa e Reforço Escolar. Esses programas oferecem oficinas, mentorias, produção artística e apoio técnico para que novos agentes culturais possam se desenvolver, se articular e transformar suas realidades com autonomia.
Ancestralidade, território e inovação
Outro eixo essencial da atuação da Casa Roxa é o compromisso com as ancestralidades afro-brasileiras e indígenas. Projetos como Festival Zacimba Gaba, Zungueiras do Itapemirim, Guarani Mirim, Curumim Yby, Exposição Tekoa e Panteão Ancestral são mais do que eventos culturais — são afirmações de pertencimento, espiritualidade e memória coletiva. Eles reconhecem saberes muitas vezes invisibilizados pelas políticas culturais tradicionais e os transformam em narrativas vivas, educativas e potentes.
A Casa também inova ao atuar em diálogo com o meio ambiente e os territórios ribeirinhos. Projetos como Cardume de Aventuras, O Pescador e a Pérola, Primavera e o próprio Yzis em Pindorama se passam entre o rio e o mar, valorizando as paisagens, os modos de vida e a mitologia local, enquanto promovem o respeito à natureza como dimensão sagrada.
Reconhecimento e protagonismo
Ao longo dos anos, a Casa Roxa se tornou uma referência para políticas públicas de cultura no Espírito Santo. Foi convidada a representar o estado em eventos de destaque nacional, como o MICBR (Mercado das Indústrias Criativas do Brasil), e tem inspirado coletivos, gestores e artistas a replicarem sua metodologia em outros municípios.
A equipe da Casa — composta por produtores culturais, educadores, artistas, comunicadores e lideranças comunitárias — atua de forma colaborativa, com estratégias que vão da produção artística à elaboração de políticas culturais participativas. Mais do que um espaço físico, a Casa Roxa é uma plataforma de articulação entre cultura, política e cidadania.
Fazer cultura como quem faz futuro
A integração à Rede de Espaços Culturais e o reconhecimento como Ponto de Cultura do Brasil não representam um ponto de chegada, mas o reforço de que a Casa Roxa está no caminho certo. Em tempos de ataques à cultura, de cortes no orçamento público e de ameaças às liberdades democráticas, o trabalho da Casa se mostra ainda mais urgente.
Cada projeto realizado é uma semente plantada: forma artistas, inspira crianças, fortalece redes, aquece a economia local, combate preconceitos, alimenta memórias, celebra diversidades e aponta para futuros possíveis.
A Casa Roxa é um exemplo concreto de que é possível fazer cultura com afeto, com excelência, com dignidade e com radicalidade democrática. Seus 42 projetos já realizados não são apenas resultados — são provas vivas de que a arte pode e deve ser um direito de todos, um caminho de reconstrução coletiva e um instrumento para imaginar e construir novos mundos.


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