O governador do Estado, Renato Casagrande, anunciou, nesta quarta-feira (18), a aquisição de uma nova ferramenta para auxiliar na identificação de áreas queimadas e com possíveis focos de incêndio. O sistema Brasil Mais, adquirido recentemente pela Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Seama), será utilizado na Central de Monitoramento de Florestas (CMF) do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).
O sistema permitirá o monitoramento diário de toda a vegetação do Estado, além da emissão de alertas de desmatamento ilegal em tempo real. Ao detectar focos de incêndio rapidamente, será possível mobilizar equipes de combate a incêndios e evitar que as chamas se espalhem, minimizando os danos.
“Contratamos esse sistema para reforçar o trabalho de monitoramento do desmatamento ilegal e hoje especialmente no combate aos focos de incêndio. O sistema atual compreende 15% do território capixaba. Com a nova aquisição, a cobertura chega à totalidade do Estado, com monitoramento em tempo real. Isso será muito importante para enfrentarmos esse momento em que mais de cinco mil hectares de área já foram queimados. O cenário se agrava com a situação de estiagem no Espírito Santo com 71 municípios em situação crítica”, pontuou o governador Renato Casagrande, durante coletiva de imprensa realizada na sede do Idaf.
Atualmente a Central de Monitoramento de Florestas do Idaf, já realiza um trabalho minucioso, por meio do levantamento de imagens mensais, conseguindo identificar o tamanho da área desmatada, ocorrências de incêndios, cicatrizes de fogo, qualidade da água, reflorestamento de áreas, local do crime ambiental cometido e o infrator. Com a utilização do sistema Brasil Mais, o Idaf e os demais órgãos ambientais poderão ter acesso a esses dados diariamente.
O secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Felipe Rigoni, explica que a ferramenta contratada permitirá ao Governo vigiar de modo contínuo todo o território capixaba, buscando identificar mudanças no solo, como a supressão ilegal da vegetação, além de focos e o avanço das queimadas. Além disso, o sistema pode fazer indicativos de seca no solo em áreas a partir de 9 metros quadrados, ou seja, algo próximo ao tamanho de uma vaga de estacionamento de um carro.
“A implementação dessa tecnologia é um passo significativo para ampliar o controle ambiental e garantir uma resposta rápida e eficaz na preservação das florestas e no combate aos incêndios que têm ocorrido no Estado, como os eventos das últimas semanas. O Espírito Santo, ao adotar essa abordagem inovadora, torna-se um exemplo de como a tecnologia pode ser uma aliada poderosa na preservação ambiental e na luta contra as queimadas”, analisou Rigoni.
O secretário de Meio Ambiente acrescentou que, além da identificação de desastres ambientais, a vigilância será um recurso crucial para o acompanhamento de projetos de restauração florestal ao longo dos anos, permitindo um monitoramento eficiente das áreas em recuperação.
De acordo com o diretor geral do Idaf, Leonardo Monteiro, os investimentos na Central de Monitoramento de Florestas representam um marco no fomento ao combate ao desmatamento e às queimadas ilegais no Espírito Santo.
“Atualmente, não tem nenhum outro estado brasileiro que conta com uma central como a nossa, quando falamos de qualidade e precisão dos dados. Essa nova ferramenta será um divisor de águas que veio para somar ao trabalho já realizado de forma habilidosa e séria pelos nossos fiscais. Estamos seguindo as diretrizes do Governo do Estado, com o objetivo de zerar o desmatamento ilegal. Quem ainda insistir em cometer crime ambiental no Espírito Santo pode saber que será identificado rapidamente e penalizado na esfera administrativa”, afirmou Monteiro.
O secretário de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca, Enio Bergoli, também participou da coletiva.”Estamos enfrentando uma grave crise hídrica, que impacta diretamente a agricultura capixaba. O Governo está atuando de forma integrada para combater os incêndios e garantir a gestão eficiente da água. Para minimizar os danos, estamos intensificando o monitoramento de incêndios florestais por meio do Idaf e adotando medidas restritivas de uso da água. A integração entre os órgãos estaduais e o uso de tecnologias como o sistema Brasil Mais são cruciais para garantir a sustentabilidade do setor”, comentou.
Como vai funcionar
Com a capacidade de realizar comparações imagens diárias da mesma área, o algoritmo disparará a emissão de alertas aos agentes públicos de possíveis irregularidades ambientais, como o desmatamento ou a ocorrência de incêndios, atuando como um verdadeiro “vigia espacial”.
Para fins de melhorar a gestão ambiental do território, a ferramenta também se mostra importante no monitoramento contínuo de projetos como de reflorestamento ambiental e no entendimento da dinâmica de seca ou de alagamentos de grandes áreas, fornecendo maiores informações aos gestores públicos na construção de políticas de enfrentamento dos impactos causados pelas mudanças climáticas.
O sistema será operado na Central de Monitoramento de Florestas do Idaf, que funciona em uma sala na sede do Instituto, que abriga cinco workstations de última geração com capacidade de processamento de imagens, além de um videowall com seis monitores de 55 polegadas para a avaliação de imagens e dados.
Mais brigadistas
Durante a coletiva, o governador Renato Casagrande anunciou novas medidas para reforçar o trabalho de combate aos incêndios em vegetação. O Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) irá contratar 72 brigadistas temporários para atuarem nas unidades de conservação (UCs) e em suas proximidades. Além disso, há a previsão da contratação de máquinas para construção de aceiros, que são faixas de terra sem vegetação para evitar que o fogo se propague nas UCs.
“O Iema segue no trabalho de preservar nossa biodiversidade. Estamos vivendo um período seco e de intenso calor, onde qualquer faísca pode se transformar em tragédia. É essencial que todos nós façamos nossa parte e evitemos qualquer tipo de queimada. Não é só uma floresta que queima, é o nosso futuro”, ressaltou o diretor-presidente do Iema, Mário Louzada.