Como estamos em época de final de ano, é comum que as pessoas façam um balanço. Não farei balanço, porque a palavra “balanço” me lembra trabalho e estou de merecidas férias. Nem vou fazer uma lista das coisas boas e ruins do ano porque “listas” também me lembram trabalho. E embora eu seja apaixonado pelo meu trabalho, pretendo esquecer dele por uns dias. Não muitos, confesso.
Cabe dizer que – mais do que 2020 – ao menos para mim, 2021 foi uma montanha russa. Abre, fecha, melhora, piora, presencial, não presencial. Eu mal conseguia entender uma nova realidade e ela já estava ultrapassada. Esse ano de 2021 foi um retrato da vida em velocidade acelerada.
Esse “vinte e um” me impactou, ainda, na descoberta de que mais de século depois da Revolta da Vacina, ainda tem gente anti-vacina. É difícil pensar em uma palavra publicável para definir o que penso e sinto por indivíduos que se opõe à vacinação de qualquer um, ainda mais de crianças. Defender a vacina não é algo que mereça ser feito, tão óbvio que seja.
Mas, ao que parece, essa turma da defesa do direito democrático de ser estúpido resolveu sair do armário (de alguns armários) e se consolidar no cenário nacional e mundial. Ser anti-vacina, terraplanista, é, a meu ver, comparável a pendurar uma melancia no pescoço. E pelo visto há muita gente carente pendurando melancia no pescoço para satisfazer sua necessidade de ser percebido no meio da multidão.
“Vinte vinte um” também foi o ano das ameaças golpistas, do 7 de Setembro mais ridículo da história desde o primeiro “7 de Setembro”, quando o filho do Rei de onde éramos dependentes declarou nossa “independência”. Setembro de 2021 foi a coroação da bizarrice, da bisonhice, da mediocridade mental, política, e de tantas outras palavras impublicáveis.
Novamente, não vejo que caiba discutir, apenas contemplar até que ponto falta a algumas personalidades atuais do cenário político brasileiro a noção de ridículo. A falta de noção do ridículo se coaduna com o anti-vacinismo e o terraplanismo na busca por uma melancia para pendurar no pescoço.
A melancia é a alternativa buscada por aqueles seres sem atrativos humanos interessantes como inteligência, determinação, história de vida e outros.
Certamente que ocorreram coisas boas. Mas isso não é um balanço e nem uma lista comparativa. É apenas um desabafo de alguém que gostaria que algumas coisas que ocorreram em 2021 um não ocorressem em 2022. Sendo realista, meu desejo de ano novo não vai se realizar.
Ao contrário, com campanha eleitoral na rua, veremos muitas melancias penduradas em muitos pescoços. Embora esperançoso de que os piores cenários da pandemia não se repitam – POR CAUSA DA VACINA – não ignoro que dias ruins podem se misturar a dias melhores no decorrer do próximo ano. Enquanto a desigualdade social reproduzir a desigualdade vacinal, a África – historicamente explorada pelos Europeus das piores formas possíveis – continuará a ser um celeiro de novas variantes do vírus causador da Covid.
Apesar de meu mau humor pré-natal, já uma tradição anual, cumpre dizer, prezado leitor, que tenho as melhores expectativas para 2022. Com boa saúde física e mental, ano que vem estarei na luta por dias melhores, que não virão sozinhos. E espero vê-lo também nessa luta, saudável, física e mentalmente, vacinado e, de preferência, sem melancia pendurada em seu pescoço.