Nasci aqui. A sua graça era a praça com bancos para sentar, chafariz, desfiles, bares e conversas de viver. A praça perdeu a graça. Os carros espaçosos não riem e não conversam. Buzinam, expulsando quem fica na frente.
Com pressa, eles tiraram nossa alegria preguiçosa de estar e permanecer. A vida na praça está passando sem graça, sem passarela e desfile. Não acho graça. Até nossas águas solidárias do Rio Itapemirim estão descendo preguiçosas, sem garças, moradoras das retinas cachoeirenses.
A cidade está se despedindo, cheia com carros forasteiros e autoritários. Estão sequestrando vidas e tirando a graça da praça. Os admirados engenheiros construtores da cidade não têm mais onde andar.
Moringueiro, Maria Fumaça, Maria Gasolina, Agulha e outros sem espaço, foram embora. Até Neném Doido não quer mais andar pela cidade. Quando eu andava pelo Bairro Amarelo, ele me disse indignado que a praça perdeu a graça e ganhou carros.
Vou ao Café Mourads com Carlos Alberto prosear e vejo carros sem praça. Me despeço, passo pela Roça e vou despoluir minha vista no mar maratimba.