Marataízes, 08/03/2024. Me preparava para ir à Casa dos Braga assistir o monólogo sobre às crônicas do Rubem Braga, apresentado pelo ator José Augusto Loureiro.
Mancando e com dor no quadril esquerdo, sem perceber o piso molhado, escorreguei e caí. Gritos de dor e a sensação de desmaio vieram correndo e apavorados com a faxineira. – Meu Deus, vou chamar a ambulância!, falou Carolin, apreensiva. O calafrio e o suor foram me silenciando.
Sentado, me arrastei e encostei na parede. – Não precisa, a dor vai passar, obrigado!, agradeci.
Depois de algum tempo, ela me ajudou a levantar. Pensei baixinho comigo: – Acho prudente não ir mais. Carolina, lendo meus pensamentos, falou convicta: – Isto mesmo. Não vá. É melhor o Senhor deitar e descansar.
Sem ter afeições por conselhos e ser chamado de senhor, fui. Atrasado uns dez minutos, na praça da poesia, onde já sentaram Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes, Manoel Bandeira, Mario Quintana e Paulo Mendes Campos, sentei na cadeira embaixo do pé de fruta-pão, citado por Rubem Braga em suas crônicas. Silenciei e me deixei levar com o presenteado público.
Atentos, escutamos os relatos das crônicas do Rubem Braga em voz alta. Envolvidos, de carona, viajamos como correspondentes de guerra na Itália, acompanhamos o cachorro Zig Braga ir até à igreja Matriz Velha procurar sua dona.
Comemos goiaba no pomar da cobertura, na rua Barão da Torre, em Ipanema. Em São Paulo, pagamos a taxa do crematório para a cremação do defunto vivo. E, em Cachoeiro, vimos o filho Roberto Braga jogar as cinzas do Sabiá das Crônicas na Curva do Caixão do Rio Itapemirim, bairro Baiminas. Aplaudido de pé, o ator sensibilizado, em silêncio, agradeceu.
Na tarde de sexta-feira, no famoso calor do verão cachoeirense, Rubem Braga compartilhou emoção e afeto. Ainda mancando e feliz, saí e fui tomar café e comer pão de queijo.