Um visitante ilustre e feliz bicou a janela do quarto e me acordou hoje cedo. Espreguicei preguiçoso e correspondi com olhar de felicidade. Honrado com a visita, abri a janela.
Com intimidade de amigos, bateu asas e entrou. Cantou sedutor, me convidando para passear. Seduzido, sem preguiça, escovei os dentes, sentei na cadeira diante da mesa e tomamos um saboroso café.
Com destreza, catou migalhas do pão e dos biscoitos que caiam sobre à mesa. Olhar fiel, companheiro, sorridente e amoroso, no verão da despertada aurora maratimba, aguardou com encantamento nosso passeio.
A felicidade, também companheira, perambulou sorridente com a gente. Paramos por cima de uma ponte e contemplamos peixinhos fazendo festa nas águas limpas do rio chamado Espelho.
– Veja como estão felizes!, comentei.
Cantando, meu visitante ilustre perguntou:
– Como sabe que estão felizes?
Meu coração, feliz com sua visita, disse que os peixinhos estão felizes. E eu, menino contente, acredito nele.
– Fica sabendo, amiguinho voador, que tem magia libertadora no olhar do coração. Quando, por ele olhamos, sem óculos, tiramos os pés do chão e contemplamos o arco-íris, mesmo com tempo nublado. Penso que a felicidade passa por essa magia. O que acha, amiguinho?, perguntei.
Cantando, feliz, respondeu:
-Também acho a mesma coisa. Tá ventando muito, meu amigo, me segura, por favor – falou ele, mostrando fraqueza, querendo se achegar.
– Vem, fica aqui juntinho de mim, falei.
Envolvidos de nós, aconcheguei meu amiguinho voador.