A canção me chega repousando com a paz Bachiana. Teclas pianistas bailam valsando na sala de espera do meu dançarino e sincronizado coração.
Sem indução de soníferos, o sono vai bocejando na noite escura, entre quatro paredes sigilosas. Essas sabem tudo de mim. Acordadas e sem descanso, escutam o meu silêncio e dormem abraçadas comigo.
As teclas eruditas, como as águas marinhas maratimbas, tocam repetidas vezes, corroendo o meu coração, formando despencadas falésias coronárias. O requinte da canção impele distanciamento e reflexão na noite escura.
Acordado e atento, como bom sentinela, a cama amorosa me olha e chama com doçura: – Vem deitar comigo.
Rendido ao seu apelo, repouso abraçado aos meus vigilantes e sonhadores pensamentos. E sonho acordado nessa eterna noite feliz, embalado pela canção celestial.
A noite caminha em mim sem parar, trazendo a aurora do verão maratimba, cantada por bem-te-vi.
Toda reverência e gratidão a Johann Sebastian Bach, pelo solene baile noturno.