Cachoeiro ainda me surpreende. Digo ‘ainda’ porque moro aqui desde os anos sessenta e falo de ‘surpresa’ porque vi anteontem lá onde era o cinema São Luiz, do outro lado do rio, uma exposição, acho que é isso, de um projetor antigo que deve ser parte do que resta de um dos mais antigos cinemas de nossa cidade.
Fiz umas fotos, mas o que me veio mesmo à mente foram os momentos de um Cachoeiro antigo, quando assistíamos aos famosos faroestes, com Giuliano Gemma, as comédias com Mazaroppi, musicais americanos ou ingleses, como Tommy, e nas sextas feiras enfrentar aquelas filas que passavam pelo mercadinho de Seu Armando, chegando às vezes até a cabeceira da ponte para assistirmos os incontáveis filmes de Bruce Lee que faziam o cinema, agora com o nome de Cine Plaza, muito parecido com uma academia de artes marciais.
Eram bons tempos em que ainda não haviam transformado nossos cinemas em lojas, bancos e até, pasmem, em igrejas, por causa da concorrência das salas nos shoppings ou plataformas de entretenimento em nossas TVs abertas ou pagas e da Internet.
Mas está lá o projetor e, como no filme “Uma Noite no Museu”, eu gostaria de que aquele projetor fizesse a mágica de nos levar de volta, nem que fosse por um sábado à noite, para uma daquelas sessões de cinema no Cine Plaza ou São Luiz, para vermos Jane Fonda ou Brigitte Bardot.