Nunca fui muito de sonhar dormindo. Sou mais de sonhar acordado, mas até assim está cada vez mais difícil. Voltei a sonhar há algum tempo, mas acho que entendi o porquê ao ler as notícias sobre as guerras. A da Ucrânia e agora na Palestina.
Sonhei com um garotinho, o João Pedro, 14 anos morto em casa após mais uma das intervenções da polícia do Rio de Janeiro em uma comunidade pobre. Sonhei com Yala e Rula, duas meninas palestinas de 9 e 5 anos mortas em mais uma ofensiva israelense em Gaza alguns anos atrás.
Por essa época, 10 crianças israelenses também morreram em represália feita por um dos muitos grupos terroristas naquela região. Sonhei também com Babakaka, um garoto nigeriano de 3 aninhos, vítima de uma dessas muitas guerras no continente Africano. Também sonhei com Rashid, Fazal e Darya, crianças afegãs mortas em um ataque das forças da OTAN á uma escola da capital.
Fiquei pensando no perigo que crianças em uma escola podem oferecer. Sonhei ainda com crianças yanomamis recentemente mortas pela ganância de alguns grupos e pelo descaso de nossas autoridades.
Uma coisa em comum essas crianças tinham. Não portavam armas, não eram criminosas, tinham apenas sonhos. Desisti então de sonhar, por isso talvez não tenha sonhado com as 4 crianças da família Abu Daqqa mortas essa semana, ou da filha do senhor Abdulah que morreu em um ataque Israelense em Gaza ontem.
Compreendi que não eram sonhos. Eram pesadelos de nossa realidade.