Por Guilherme Nascimento
Há momentos em que a felicidade parece um ensaio inacabado. Você tenta, com toda a força que resta, encontrar sentido nas pequenas coisas: um sorriso breve, um gesto de carinho, um instante que aquece. Mas, no fundo, a sensação de vazio persiste. É como se a vida entregasse migalhas, enquanto você anseia por um banquete, algo que realmente preencha, que conecte corpo e espírito, sentimento e ação.
É exaustivo tentar ser feliz em cenários que não acolhem, com pessoas que não compreendem o que sua alma pede. Você se doa, insiste, planta sementes em terras que não devolvem frutos. E, quando percebe, está segurando o que restou, com medo de soltar e encarar o que o vazio pode trazer.
Mas mesmo no cansaço, há um desejo maior que sobrevive. Uma esperança, tímida, mas viva, de que o amanhã será diferente. Não uma felicidade passageira, mas algo profundo, que une o que há de mais humano em você: carne e espírito, ação e sentimento, verdade e conexão.
Talvez seja esse o propósito: ensaiar, tropeçar, se refazer, enquanto o coração insiste em acreditar. Porque a felicidade verdadeira não é uma dádiva imediata. É um encontro construído no tempo certo, entre o que você oferece ao mundo e o que o mundo, um dia, oferecerá de volta.
Por enquanto, você segue. Entre lágrimas e raízes, entre o peso do presente e o sonho do futuro. Não há garantias, mas há o movimento, a persistência. E talvez, nisso tudo, a felicidade já esteja ali: no ato de continuar.