Na juventude, após trabalhar com o gado na exposição agropecuária da cidade de Mimoso do Sul, fui com o primo Zé Renato e amigo Serginho Rebelo beber. Abastecidos, partimos rumo ao baile no clube da cidade.
Logo na entrada reclamamos que o ingresso estava caro. Para nós, um preço absurdo! Não concordamos. Ponderamos e reclamamos. Chegaram uns policiais que não jogavam amistoso, só à vera, valendo três pontos.
Serginho tentou mostrar sua carteira de militar do CPOR e eles desprezaram. Zé pediu cuidado com a camisa emprestada: rasgaram! Por fim, agarraram os meus cabelos grandes. O pau quebrou na casa de Noca. Nós três contra um monte de policiais.
Só paramos quando ouvimos tiros. Quando botaram no camburão e iam nos levar para nossos aposentos, Gustavo Nascimento deu um soco num guarda e desceu correndo o morro! Lá embaixo tinha outro de prontidão.
Ele correu com seu tamanho avantajado. Desceu embalado, sem respeitar o sinal de pare, e atropelou o guarda que atrapalhava o trânsito. Logo em seguida ouvi o grito de um jogador aliado.
– Cambada de ditadores! Mais um jogador no camburão! Tem quase 40 anos que vejo esse aliado em Cachoeiro e Marataízes.
Nunca soube o seu nome e conversamos. Mas a primeira prisão a gente não esquece! Hoje no Mourads, em Cachoeiro, estavam conversando Elias Mourads, Renato Cabrita Magalhães, seu filho Felipe e o presidiário de Mimoso do Sul, meu companheiro de cela.
– Qual o seu nome? – perguntei.
– Antônio Carlos.
– Muito prazer, Marcelo. Já fui preso com você em Mimoso do Sul.
Coçou a cabeça, todos arregalaram os olhos e denunciaram:
– Este é o Cafifa.