A estrada reta anda na contramão. Sem picada aberta, despista, engana e segue perdida sem direção. Assim, abraçada aos desencontros, vai por aí sem se encontrar.
No aguardado encontro marcado, ressabiada, a esperada surpresa não comparece.
À vida é estrada incerta, insegura e imprevisível. Às vezes, encontra o caminho certo e te leva ao lugar errado, sem paladar. Seguir com precisão em linha reta por cima de dormentes, cansa e dá sono.
Mas, teimoso e fiel, o menino sol nasce trazendo novidades e esperança. Desassossegado, vive e morre todos os dias em lugares e horários diferentes. Solidário, ilumina e aquece.
A vida misteriosa se aconchega, encanta, faz carícias e perfuma. Sedutora, inesperada e desinstalada, decididamente vai embora. À distância, pisca o olho, joga beijo e dá adeus.
Ela, jovial e corajosa, com passadas andadas amanhã, recomeça e vai trilhar novos caminhos. Companheiras léguas percorridas, com autoridade, dizem de onde vim e quem sou.
Na manhã de sol maratimba, o canto do bem-te-vi anuncia que o natal está chegando, trazendo vida e novo ano.