Crônica • Ministra Carmen Lúcia

A ministra do STF disse que na adolescência, tempos áureos da cultura cachoeirense, pensava que o mundo começava e terminava em Cachoeiro de Itapemirim.

Em Vitória, no lançamento do livro Cachaça, de saborosa degustação, do talentoso escritor cachoeirense João Moraes, conheci Álvaro Abreu, filho do importantíssimo médico sanitarista cachoeirense Bolívar de Abreu. Conterrâneos, nos apresentamos, indagamos e nos respostamos. Conversamos recordadas lembranças.

Não somos mais moradores, mas na pauta, Cachoeiro esteve presente. Acolhido, contei-lhe: – Quando menino, pulava o muro para roubar abiu roxo na Casa dos Braga.

Álvaro chamou o irmão Afonso Abreu e falou: – Afonso, ele roubava o abiu lá de casa, em Cachoeiro.

Não sabia que foi morador da casa do pé de abiu e filho da irmã do Rubem Braga, Anna Graça Braga Abreu.

Meninos cachoeirenses, recordamos: O abiu roxo era uma delícia. – Dias atrás, estive lá, comentei. Fui ao monólogo: Rubem Braga. A vida em voz Alta. No quintal da Casa. – Conheço o ator que interpretou, José Augusto Loureiro, falou.

Ando pelas calçadas quentes de Cachoeiro e sou assaltado por memórias sentimentais. Com a mente oxigenada e irrigada, guardo saudosas lembranças. Menino roceiro, matava aula para ir ao parque de exposição agropecuária, no bairro Independência. Subindo a avenida Monte Castelo, um corredor de barraquinhas cortejavam minha subida festiva.

Algodão doce, maçã do amor, jogo de argolas, tiro ao alvo e bombinhas que estalavam meu pequeno coração cachoeirense. Na entrada do parque, à esquerda, Milionário, boi da raça Simental. O mais pesado da exposição. De Augusto Fraga, Fraguinha. No picadeiro, a música caipira tocava embalada na marcha batida e as rédeas da felicidade nas mãos.

Agradecemos a menção honrosa Ministra. Mas…O Sabiá das Crônicas, os Sampaios e toda trupe de artistas que te assombrou, partiram sem nós. A sós, na cidade sem espelhos, ficamos nós. Até as calçadas quentes de Cachoeiro, sem a companhia andarilha de Neném Doido, estão mudas.

O Pico do Itabira, antenado, escutou Vinícius de Moraes perguntar a Rubem Braga: Amigo Braguinha, Cachoeiro ainda está no mapa?