Crônica • Os ventos

Trepei na magrela hoje cedo e saí pedalando pelas ruas. O tempo não estava ruim como normalmente dizem, mas, sim, nublado, pedindo um esquenta. Botei pressão no pedal, pois o vento estava contra.

Logo à frente, três mulheres zelosas varrendo o chão da rua me deram um bom dia com entusiasmo. Retribuí e acolhi como prenúncio de um dia bom. Esses detalhes fazem diferença na vida.

Quando vejo um bom filme, fico atento, pois os detalhes podem ser cruciais no entendimento do roteiro.

Insistentemente o vento me empurra para trás. Teimoso como uma porteira, continuo indo pra frente.

Pouco tempo atrás estava no leito do hospital. Hoje, impulsionado pra frente pelo quadríceps e outros grupamentos musculares, viajo nos pensamentos pela orla maratimba.

Dou meia volta na magrela e mudo meu destino. Pedalo com facilidade, solto os braços e vou guiado pelo vento favorável e companheiro. O vento contra me faz entender como é bom, suave e delicioso o vento favorável.

Resumindo: só um é agradável, mas os dois são importantes.